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Gleisi sai de cena com medo de ser envolvida no escândalo Youssef

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Desde que voltou ao Senado, em 2 de fevereiro, após deixar o comando da Casa Civil, a petista Gleisi Hoffmann fez 25 discursos. A senadora paranaense tornou-se figura fácil, ocupou informalmente o lugar de líder do governo na Casa e, em algumas situações, como em 26 de março passado, chegou a pedir a palavra três vezes na mesma sessão. Em outras datas (27/03, 01/04 e 02/04) discursou duas vezes em cada sessão.

Contudo, desde que estourou o escândalo envolvendo o coordenador de sua campanha ao governo do Paraná, André Vargas, com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato, a senadora desapareceu. Segundo anota o colunista Ucho Haddad, última vez que usou a tribuna foi no dia 2 de abril, para explicações pessoais. Ou seja, o “pitbull palaciano” tornou-se um acanhado “lulu da Pomerânia”. Sempre lembrando que as citações caninas são mera figura e linguagem.

A explicação para esse súbito desaparecimento está em duas notas publicadas na quarta-feira (23) na sessão Painel, do jornal “Folha de S. Paulo”. Elas revelam que a senadora teme que suas relações com o doleiro Alberto Youssef sejam reveladas. Destaca a primeira nota: “A tentativa da oposição de manter vivo o processo contra André Vargas (PT-PR) no Conselho de Ética da Câmara tem como pano de fundo um esforço para atingir outros petistas que disputarão as eleições este ano. Integrantes do colegiado discutem nos bastidores o convite do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha como testemunha para explicar conversas de Vargas com integrantes da pasta sobre contratos com a empresa Labogen, ligada ao doleiro Alberto Youssef.”

A segunda nota é mais explícita: “Também está no radar uma tentativa de convencer o deputado petista a revelar eventuais relações entre o doleiro e a senadora Gleisi Hoffmann, candidata ao governo do Paraná. Em troca, ele poderia ser poupado do pedido de cassação e ser punido com suspensão”. As expectativas têm razão de ser. Desde que o PT começou a pressionar para que renuncie, André Vargas tem respondido com revelações explosivas sobre a intimidade financeira da senadora Gleisi Hoffmann, que está de olho no Palácio Iguaçu, e de seu marido, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo da Silva.

Não é a primeira vez que Vargas manda recados assustadores a Gleisi, sempre deixando claro que, se for sacrificado pelo PT, não cairá sozinho. Assunto que o ucho.info já abordou em edição anterior.

Para a revista Veja, o ex-vice-presidente da Câmara disparou contra Paulo Bernardo: “Vargas insinuou que Bernardo é beneficiário do propinoduto que opera na Petrobras. O ministro, segundo o deputado, seria o intermediário de contratos entre o grupo Schahin, recorrente em escândalos petistas, e a petroleira. Bernardo teria recebido uma corretagem por isso, recolhida e repassada pelo “Beto”. É assim, com intimidade de sócio e amigo, que Vargas trata o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal sob a acusação de chefiar um esquema de lavagem de dinheiro que teria chegado a 10 bilhões de reais. Parte desse valor, como se revelou nas últimas semanas, são as propinas de negociatas na Petrobras.”

Ainda na Veja, Vargas fez outra revelação capaz de botar fogo no circo: “Nas conversas com deputados, Vargas também citou como algo que o PT não gostaria de ver revelado o caso da agência Heads Propaganda, do Paraná. “A Heads é esquema deles”, declarou Vargas a colegas de partido. “Eles” seriam a senadora Gleisi Hoffmann e o ministro das Comunicações. Na gestão Dilma, a agência tornou-se líder em verbas recebidas do governo federal. A escalada meteórica está sob investigação do Tribunal de Contas da União (TCU).”

Também não é a primeira vez que Gleisi Hoffmann tem problemas com aliados complicados. Em agosto de 2013, a polícia prendeu Eduardo Gaievski, assessor especial de Gleisi, que à época chefiava a Casa Civil. Acusado de ter cometido 28 estupros contra menores, sendo 14 contra vulneráveis (menores de 14 anos), Gaievski foi incumbido por Gleisi, à época, de cuidar de políticas relativas a menores do governo federal.

Por ocasião do escândalo do pedófilo, a então ministra também saiu de cena por longo período e até hoje dificulta a aproximação da imprensa, temendo perguntas sobre o ex-auxiliar que passou a ser conhecido como o monstro da Casa Civil. O temor é tão grande, que a senadora tentou intimidar alguns veículos de comunicação que insistem no tema, patrocinando processos judiciais contra jornalistas, como é o caso do editor do ucho.info. Desde que explodiu o escândalo envolvendo André Vargas, a senadora reduziu ao mínimo os eventos de campanha no interior do Paraná, na esperança de que com o tempo o assunto saia da pauta.