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FOZ PERDE JORNALISTA SELMO ARAGÃO

FOZ PERDE JORNALISTA SELMO ARAGÃO

Nelson Figueira

Foz do Iguaçu perdeu, na madrugada de ontem, aos 53 anos, o jornalista e publicitário Selmo Jandir Aragão, pioneiro da comunicação da cidade e um dos nomes mais proeminentes da área. Aragão, como era conhecido, morreu às 4h30 de quarta-feira no Hospital Cataratas, onde estava internado desde a segunda-feira. Ele deixa dois filhos, Vanessa, de 20 anos, e David, de 5.

Aragão havia sido internado na segunda-feira, com diagnóstico de pneumonia, falta de ar, tosse, febre e impossibilidade de urinar. Segundo o hospital, após exames, o medico solicitou sua internação. Por volta das 17 horas do mesmo dia, como a dificuldade de respirar se agravou, foi transferido para a UTI. Como os sintomas preenchiam os critérios de H1N1 (Gripe A), a equipe notificou o caso como suspeito e iniciou o tratamento, conforme o protocolo do Ministério da Saúde. No entanto, o publicitário, também diabético e hipertenso, não resistiu, vindo a falecer às 4h30 de ontem. O corpo está sendo velado em uma das capelas do Cemitério São João Batista, e o enterro será hoje, às 15 horas, no campo-santo do Jardim São Paulo.

Seriedade

Bacharel pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Curitiba, Aragão foi o primeiro jornalista com formação a atuar na cidade, aonde chegou, ainda criança, em 1967. Na vida adulta, trabalhou em órgãos de comunicação e tornou-se um dos primeiros publicitários da região. Em seu currículo, consta ainda o perfil empreendedor, como sócio-proprietário de agências de publicidade. "Ultimamente ele iniciou no comércio, com o Porto Belo Materiais de Construção e o Mercado Porto Belo, que ainda possuía", contou seu sobrinho, Everson Budzinski. No entanto, o afastamento da comunicação não era completo, pois Aragão se mantinha na área como professor da Unioeste. "Ele se manteve lecionando até dias antes de ficar doente", complementou o parente.

Para ele, seriedade é a palavra que resumiu seu tio. "Ele era um pioneiro. Sempre lutou pelas causas da cidade, sempre tentando inovar e fazendo. Ele, (Rogério) Bonato e várias pessoas do mesmo grupo tinham ideias inovadoras. Tentando fazer o melhor pela cidade: informação em primeiro lugar. Ele brigava pela verdade", sintetizou Budzinski.

Como exemplo da personalidade de Aragão, o sobrinho lembra que em uma de suas últimas iniciativas na comunicação, o programa Pato com Laranja, o jornalista sempre buscava de seus entrevistados muito mais que as respostas superficiais, "indo sempre a mais a fundo". "Eu trabalhei 15 anos na A&B e pude acompanhar isso dele."

A&B

Com nome formado pelas iniciais dos sobrenomes, a A&B à qual Budzinski se refere foi a primeira agência de propaganda da cidade, e unia Aragão ao também jornalista e publicitário Rogério Romano Bonato, que considera o amigo como "o maior parceiro" que teve ao longo de sua vida. "Ele sempre foi o pé no chão. Foi uma das pessoas mais honestas e uma mais corretas que conheci", sintetizou Bonato.

Como lembrou Bonato, ao chegar a Foz do Iguaçu, em 1980, Aragão foi a primeira pessoa que conheceu, iniciando a amizade que perdurou até hoje. "Eu havia sido contratado pelo Toninho Cirilo para fazer a emissora de FM, e o Aragão não tinha carteira de motorista. Só duas pessoas tinham na rádio, eu e o Celso Rios. Éramos nós que tínhamos de levá-lo para fazer as rondas policiais", contou.

Além de ter aprendido muito com o amigo, Bonato também se tornou sócio de Aragão inicialmente com a Espaço, revista de ideias com formato diferenciado. Posteriormente, já na agência, permaneceram por cerca de 15 anos. Mesmo não sendo mais sócios, ambos continuaram juntos, como amigos, durante toda a vida. "Quando cheguei aqui, comia e almoçava na casa do Aragão; a mãe dele, dona Margarida, me acolhia. Ele era como um irmão pra mim. Cada um foi para um lado, mas eu sempre falava com ele ao telefone", disse, saudoso, o diretor-geral de A Gazeta do Iguaçu.

Também homem da comunicação, Bonato avalia o amigo como muito importante para a área, sobretudo pela implantação dos novos moldes do segmento. "Ele foi um dos primeiros aqui e alguém que realmente deve ser homenageado pelo setor. Era uma pessoa muito interessada na história da cidade e uma pessoa muito amiga de todo mundo. Estou extremamente consternado com o ocorrido. É como se tivesse perdido alguém da minha família. Meu sentimento é de muita dor", encerrou.

Perda lamentável

Presidente de A Gazeta, o empresário Ermínio Gatti engrossa as vozes dos que ressaltam a importância de Selmo Aragão para Foz do Iguaçu. De acordo com ele, o jornalista ajudou muito o jornal. "Infelizmente ele se foi. A cidade deve muito a ele, que se dedicou a ela. É uma perda lamentável", resumiu.

O prefeito Paulo Mac Donald classificou a morte de Aragão como "perda inestimável aos iguaçuenses". "Aragão era um profissional determinado, ético e respeitado por todos. Foi o primeiro jornalista diplomado da cidade, e lamentamos profundamente a sua morte", disse.

O mesmo sentimento de perda apresentou o jornalista Vinicius Ferreira, da Comunicação Social da Itaipu Binacional. Também amigo de Aragão desde 1982, ano em que chegou à cidade, o assessor lembrou que o companheiro deixará "muitas saudades". "Foz perdeu muito hoje", observou.

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