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Exportação rural explode e mostra origem da força política do setor

Najla Passos
Carta Maior

No primeiro dia útil do ano, o governo divulgou o resultado da balança comercial em 2011 e já se sabia que, mais uma vez, o agronegócio fora decisivo para os recordes de exportação e o para o maior saldo comercial desde 2007, mesmo em um ano de crise global. Agora, ao segmentar parte dos números, o governo permite que se dimensione o peso econômico do setor rural que, em alta, acaba proporcionando mais força política também, como se vê na falta de um plano de reforma agrária da gestão Dilma e no avanço do novo Código Florestal no Congresso.

Em 2011, ao fazer negócios com o exterior, o agronegócio gerou duas vezes e meia mais dólares ao país, do que o conjunto da economia. O saldo comercial dos ruralistas foi de US$ 77 bilhões, enquanto o do Brasil em geral foi de US$ 30 bilhões. O dado, divulgado nesta terça-feira (10) pelo ministério da Agricultura, sugere o tamanho do prejuízo pela indústria, afetada por um dólar ainda barato demais e, mais do que qualquer outro setor, pela crise global.

No ano passado, apesar desta mesma crise global, de problemas climáticos e de um embargo russo contra o Brasil, as exportações do agronegócio registraram novo recorde, alcançando o melhor ano desde 1997. O país exportou US$ 94 bilhões, 24% a mais do que em 2010, e o ministro Mendes Ribeiro já sonha com uma marca centenária. “Francamente, temos condições de ultrapassar os US$ 100 bilhões em exportações do agronegócio este ano”, afirmou.

Para 2011, a meta anunciada no início do primeiro mandato da presidenta Dilma era exportar US$ 85 bilhões. Ao contrário de anos anteriores, não houve aumento na produção. Foi a alta no preço dos principais produtos exportados pelo Brasil que acabou ampliando o resultado em quase US$ 10 bilhões de 2010 para o ano passado.

Segundo o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do ministério, Célio Porto, o resultado da balança comercial de 2011 confirma uma tendência de crescimento registrada há dez anos, com exceção de 2009, em função da grave crise financeira internacional que explodira no ano anterior.

Porto não acredita, entretanto, que a crise global vá afetar o agronegócio brasileiro em 2012. Segundo ele, apesar da União Europeia, principal cliente brasileiro, enfrentar uma séria crise econômica, o crescimento nas exportações se dá nos negócios com Ásia, Oriente Médio, África e Oceania.

Além disso, Porto informa que a grande expectativa de exportação para a Europa é a carne brasileira, que sempre teve restrições de entrada no continente por conta de questões sanitárias. “A ampliação da exportação de carne poderá compensar outras possíveis perdas”, esclarece.

A melhoria das condições sanitárias do país também é a aposta para que os produtos pecuários brasileiros conquistem mercados ainda mais promissores, como o Japão, que consome US$ 4 bilhões de carne suína por ano, e a Coréia, que compra US$ 1 bilhão.

É, também, a garantia de retomada do mercado russo que, desde junho de 2011, embargou à carne brasileira proveniente de três estados. Apesar disso, as exportações de carne suína cresceram 7%, de carne bovina, 11,5% e, de frango, 19%.