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Expedição percorre mata inexplorada no Parque Iguaçu

Equipe do ICMBio passa três dias em área remota de Mata Atlântica, percorrendo 15 quilômetros dentro do Parque Nacional do Iguaçu, em trecho ainda não visitado pela ciência

Conhecer uma região remota do Parque Nacional do Iguaçu, famoso pelas suas cataratas, foi o objetivo da expedição organizada pelos servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que trabalham na unidade. A equipe percorreu 15 quilômetros durante três dias em uma floresta virgem, desconhecida pela ciência, e talvez uma das mais preservadas da unidade de conservação. O trajeto escolhido foi o trecho que liga os rios Silva-Jardim e Floriano, sendo que para chegar ao local foi necessário um helicóptero.

A equipe, liderada pelo chefe do Parque Ivan Baptiston, conta que nestes três dias não encontraram nenhum indício de caça ou extração de palmito, mas identificaram diversos vestígios de mamíferos, como anta, veado-mateiro, cateto, onça-parda e serpentes. No meio do caminho, se depararam com uma cobra jararaca, sempre preparada para dar o bote. “Não encontramos nenhum vestígio de presença humana, uma área selvagem de rara riqueza natural. As dificuldades para transpor ambientes de grande resistência foram em muito compensadas pela satisfação de contribuir para a conservação de lugares como estes, impares para a proteção da vida selvagem. Acredito que esta expedição seja incentivadora a tantas outras pelo interior da unidade. Grato aos colegas que compartilharam da inesquecível experiência”, ressalta Baptiston.

Para o analista ambiental Edilson Esteve, a expedição demonstrou que, em pleno século 21, ainda há no sul do Brasil áreas remotas, que merecem atenção. “Isso revela a importância de nossas unidades de conservação e do ICMBio enquanto instituição responsável por estas áreas. Ações deste tipo, entre outras, permitem que, juntamente com a grande maioria de servidores, possamos afirmar que de fato cuidamos de nossos recursos naturais”, defendeu.

Carlos Brocardo, coordenador de Pesquisa do Projeto Onças do Iguaçu, relata que “sem dúvida foi uma experiência única na vida”. “Embora hoje tenhamos muito mais tecnologia para nos guiar em campo, nem sempre as coisas saem como planejado. O segundo dia de acampamento, onde a equipe acertadamente decidiu parar antes do curso d’água, deve-se, em grande parte, a experiência do Ivan e do Adaildo, demonstrando a importância que o conhecimento sobre a floresta tem para atividades de pesquisa em campo”, pontua.

O técnico ambiental Carlos Bernardes diz que a expedição Silva-Floriano foi uma experiência marcante. “Seja pelo ineditismo de atravessar uma área de Mata Atlântica praticamente intocada, em pleno século XXI, seja pelos desafios logísticos, físicos e emocionais que essa expedição impôs aos seus integrantes. Como saldo, posso destacar a constatação da importância do Parna Iguaçu para a conservação das espécies de mamíferos de médio e grande porte no bioma Mata Atlântica, além da integralidade ecossistêmica da região por onde passamos, situação rara de se encontrar na Mata Atlântica. Comprovamos ainda como o Parna Iguaçu é uma área de grande relevância para a pesquisa científica com foco na nossa fantástica biodiversidade”.

Relato da Expedição
No dia 24 de abril, a equipe partiu de Foz do Iguaçu, transportados por helicóptero, rumo a heliponto próximo ao Rio Silva-Jardim. Já de início foi necessário cruzar o respectivo rio com um bote inflável, devido à grande profundidade. A partir da travessia do rio, a equipe avançou por 4 km de mata fechada, até atingir o local do primeiro acampamento. No dia 25 as dificuldades foram maiores, pois atravessaram diversos trechos de taquarais ou dominados por vegetação arbustiva e espinhosa, retardando o avanço e obrigando pernoitar fora do local planejado e longe de fonte de água.

No terceiro e último dia, a vegetação melhorou em alguns pontos, com áreas dominadas por palmitais, com sub-bosque aberto, o que deu agilidade ao deslocamento, com exceção de pontos íngremes e pedregoso. Por fim, a expedição atingiu o rio Floriano perto do meio-dia, e após uma breve parada, atravessou o rio em um trecho raso, percorrendo ainda cerca de um quilometro até o ponto final, um heliponto nas margens do curso d´água, de onde a equipe foi retirada com ajuda de helicóptero.

De volta do campo, a equipe já pensa em novas expedições, visando reunir ações de proteção e pesquisa dentro do Parque Nacional do Iguaçu, para que cada vez mais a biodiversidade seja conhecida e assegurada em seu maior refúgio no Sul do Brasil.

A expedição foi liderada pelo chefe do Parque Nacional do Iguaçu, Ivan Baptiston, e contando com a participação dos servidores do ICMBio, Edilson Esteves (chefe de proteção) e Carlos Bernardes (chefe da Base Avançada em Capanema), além de membros do Projeto Onças do Iguaçu, Adaildo Policena (auxiliar de Pesquisa) e Carlos Brocardo (coordenador de Pesquisa).

Um pouco de história
O Parque Nacional do Iguaçu já testemunhou diversas expedições em seu interior, sendo, provavelmente, a do espanhol Álvar Nuñez Cabeza de Vaca em 1542 a mais antiga. A própria intenção de proteger a área, está ligada a uma expedição que Santos Dummont fez em 1916. Também houve expedições científicas, como a dos naturalistas poloneses Chrostowski e Jaczewski na década de 1920 e do Prof. João Moojen de Oliveira na década de 1940, no território que é hoje o Parque Nacional do Iguaçu. E mais recentemente no ano de 2003 foi realizada a “Expedição Floriano”, organizada pelo Parque Nacional do Iguaçu, que percorreu de barco um trecho do rio Floriano, com objetivos científicos e de fiscalização.

As informações são da Comunicação ICMBio