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Estes são os médicos indiciados como “fantasmas” do HC pela Polícia Federal

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Fábio Campana

No horário em que deveriam cumprir expediente no Hospital de Clínicas, 10 médicos trabalhavam em clínicas particulares.Juntos, os salários deles somam R$ 117,1 mil por mês. Eles foram indiciados por quatro crimes contra o serviço público na Operação São Lucas, deflagrada na última semana pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU). Com informações da Gazeta do povo. A seguir, a lista de nomes dos indiciados.

Jerônimo Antônio Fortunato Júnior (Cirurgia cardiovascular)

Contratado pela UFPR desde 1993, para integrar equipe médica do HC, com salário de R$ 4 mil. Além disso, é presidente do Hospital da Cruz Vermelha do Paraná e professor da Universidade Positivo. A secretária informou que ele não se manifestaria.

Renato Valente de Almeida (setor de Nefrologia)

Contratado pela UFPR desde 1998 para atuar no período de 20 horas semanais no setor de Nefrologia do HC, por um salário mensal de R$ 5,5 mil. Trabalha em pelo menos duas clínicas particulares em Curitiba. Em uma delas, o Centro de Doenças Renais, ele atende às quartas e sextas-feiras. A reportagem tentou ouvi-lo por meio dos consultórios, mas ele não retornou as ligações.  Diretor de hemobancos e dono de hospital estão entre indiciados pela PF

Mário Luiz Luvizotto (Nefrologia)

É professor da UFPR e atua no setor de Nefrologia do HC. Para isso, ganha R$ 18,5 mil por mês. Também presta serviços em pelo menos duas instituições particulares: o Instituto do Rim do Paraná e o Centro de Nefrologia Nações. A reportagem tentou ouvi-lo, mas as clínicas informaram que o médico está fora do país e que não seria possível localizá-lo.

Paulo Tadeu Rodrigues de Almeida (Clínica médica)

É contratado pelo HC desde 1996, por um salário mensal de R$ 5,5 mil. É apontado como responsável técnico do Hemobanco e diretor de bancos de sangue de hospitais particulares. À reportagem, negou que tenha sido indiciado, mas não quis responder outras perguntas.

Jorge Alberto Ledesma (Radiologia)

Mantém contrato com a UFPR desde 1996. Atualmente, para cumprir carga de 40 horas semanais no HC, recebe R$ 13,1 mil. Integra o corpo clínico de outros hospitais, como o Pequeno Príncipe (onde é diretor técnico do centro de imagem) e Santa Casa de Misericórdia de Curitiba. A reportagem tentou contato com ele por celular, mas ele não atendeu às ligações nem respondeu os recados deixados na caixa postal.

Luiz Pedro Pizzato (Radioterapia)

É médico do HC desde 1985, contratado para 40 horas semanais, a um salário de R$ 20,1 mil. A reportagem não conseguiu meios de contato com ele.

Marcelo de Araújo Cosendey (setor não informado)

Contratado em 1989, tem carga horária semanal de 40 horas, com salário mensal de R$ 23 mil. Também é professor do curso de Medicina da Universidade Positivo. A reportagem não conseguiu contato com ele. A assessoria de imprensa da universidade também não pôde localizá-lo.

Emerson Luiz Neves (setor não informado)

O contrato com a UFPR prevê expediente de 20 horas semanais. Recebe R$ 6,5 mil como salário. Além de atuar no HC, atende em clínicas particulares em Guarapuava, no Centro-Sul do estado. A reportagem não conseguiu localizá-lo.

Carlos Edson Scheidemantel (Ginecologia)

Contratado desde 2008, para 40 horas semanais no HC, onde recebe R$ 3,4 mil. Também atende em sua própria clínica particular, no bairro Mercês. Ele não deu retorno aos recados deixados com a secretária.

Katia Regina Vieira Fonteles (Radiologia)

Médica do HC desde 1996, tem de cumprir carga semanal de 40 horas, a um salário de R$ 16,9 mil por mês. A reportagem não conseguiu meios de contato com ela.

Diretor de hemobancos e dono de hospital estão entre indiciados pela PF

No horário em que deveriam cumprir expediente no Hospital de Clínicas, médicos trabalhavam em clínicas particulares

O presidente do Hospital da Cruz Vermelha do Paraná, Jerônimo Antônio Fortunato Júnior, e o diretor de hemobancos em Curitiba, Paulo Tadeu Rodrigues de Almeida, estão entre os apontados como médicos “fantasmas” do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Eles e outros oito médicos foram indiciados por quatro crimes contra o serviço público na Operação São Lucas, deflagrada na última semana pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU).

Segundo as autoridades, os dez indiciados não são contratados em regime de dedicação exclusiva, mas recebiam salário sem cumprir a carga horária para a qual são pagos. Juntos, os salários deles somam R$ 117,1 mil por mês.

A Gazeta do Povo teve acesso à lista dos dez indiciados, contratados pela UFPR para prestar serviço no HC. O sigilo judicial das investigações foi derrubado no início da semana. Segundo a PF e a CGU, nos horários em que deveriam cumprir expediente no HC, os médicos indiciados atendiam em clínicas particulares. O índice médio de frequência do grupo não passava de 7%. Alguns nem sequer compareciam ao hospital.

Fortunato Júnior tem vínculo com a UFPR desde 1993, para atuar como médico do departamento de cirurgia torácica e cardiovascular, conforme consta de seu currículo Lattes. O Portal da Transparência aponta que ele é contratado para cumprir 20 horas semanais, a um salário de R$ 4 mil ao mês. O médico mantém outros vínculos. Além da presidência da Cruz Vermelha, se divide entre as aulas na Universidade Positivo e os atendimentos como autônomo no Hospital Constantini –como faz constar na plataforma Lattes. A direção do Hospital Costantini diz que o médico não integra mais o quadro desde 2006. Desde a última sexta-feira (22), a Gazeta do Povo tenta ouvi-lo. Foram feitos vários contatos no HC e no Hospital da Cruz Vermelha. Na última tentativa, na tarde de quinta-feira (28), a secretária informou que ele não se manifestaria.

Já Paulo Tadeu Rodrigues de Almeida é contratado pela UFPR desde 1996, também para carga semanal de 20 horas, com remuneração mensal de R$ 5,5 mil. Além do HC, o médico é apontado como responsável técnico do Instituto Paranaense de Hemoterapia e Hematologia (Hemobanco), além de ser diretor de bancos de sangue de hospitais particulares, como o Nossa Senhora das Graças e Pequeno Príncipe.

Por celular, Almeida negou que tenha sido indiciado na Operação São Lucas. O médico não quis responder a outras perguntas, entre elas sobre as unidades em que atua e se prestou depoimento à PF.

Outro indiciado, Emerson Luiz Neves também atende em clínicas particulares em Guarapuava, a 220 quilômetros de Curitiba. Em uma delas, a Oncoclin, a secretária confirmou que ele cumpre expediente todas as terças e quartas-feiras. O contrato dele com a UFPR prevê carga de 20 horas semanais no HC, a um salário mensal de R$ 6,5 mil. Segundo a secretária, não seria possível ouvi-lo porque ele viajou para participar de um congresso.