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EM DEFESA DA INFRA-ESTRUTURA

Neste período em que os sintomas da crise econômica internacional se manifestam com mais severidade, o Brasil precisa redobrar esforços para investir em projetos de infra-estrutura – como uma ação contraciclica destinada a atenuar os efeitos mais graves da retração, sobretudo no campo do emprego e renda. O investimento em infra-estrutura deve vir acompanhado de medidas para aliviar a operação das empresas e prestar socorro aos grupos sociais mais expostos – muitas delas de caráter emergencial e já em curso por parte do governo federal. – trecho do artigo "Em Defesa da Infra-estrutura", do jornalista Rafael de Lala. Leia aqui, a sua íntegra.

Política, economia, cultura e bom humor no blog do Paraná.

EM DEFESA DA INFRA-ESTRUTURA

EM DEFESA DA INFRA-ESTRUTURA

Investimento em infra-estrutura é prioritário em períodos de crise – Empresários, sindicalistas e acadêmicos defendem recursos para compensar a retração – Paraná deve reivindicar ampliação do PAC

por Rafael de Lala

Neste período em que os sintomas da crise econômica internacional se manifestam com mais severidade, o Brasil precisa redobrar esforços para investir em projetos de infra-estrutura – como uma ação contraciclica destinada a atenuar os efeitos mais graves da retração, sobretudo no campo do emprego e renda.

O investimento em infra-estrutura deve vir acompanhado de medidas para aliviar a operação das empresas e prestar socorro aos grupos sociais mais expostos – muitas delas de caráter emergencial e já em curso por parte do governo federal.

Porém o fundamental para sustentar um nível mínimo de atividade é a aplicação em infra-estrutura. O pleito está sendo feito por empresários e líderes sindicais e repercutido por autoridades do primeiro escalão governamental; embora seja urgente transformar palavras em ação, superando os obstáculos naturais em um país que se desacostumara de obras estruturais devido à prioridade no combate da inflação sustentada por mais uma década. 

TODOS APOIAM

A solução da infraestrutura foi recomendada no documento final da primeira reunião do Grupo dos 20 (conjunto dos 20 países de maior escala em economia), que se realizou em Washington no final de 2008 e que prepara seu próximo encontro para abril.
Ao retornar daquele evento o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que “nesta altura os desafios do Brasil estão no investimento em infra-estrutura”, além de outras ações para combater a crise.

O Forum Europeu de Industriais, em reunião celebrada em Istambul, Turquia, também recomendou o investimento na área infra-estrutural; ao lado de ações como gasto em pesquisa e educação, combate à mudança climática e redução de tributos.

No Brasil, ainda, o professor da Unicamp e ex-ministro do Trabalho, Walter Barelli, sugeriu que o governo “deveria pegar todas as economias possíveis, ressalvado um certo nível para as reservas, e fazer um grande plano de obras para resolver os gargalos da economia: recuperar estradas, ferrovias, portos…Na linha do que o presidente Lula falou – “inventar novas obras importantes” – precisaria ter PAC 2, PAC 3 e 4, para enfrentar a crise que vem aí”, criando verdadeiras ‘frentes de trabalho’ para aumentar a demanda efetiva”.

Ainda na área acadêmica, o professor David Kupfer, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, afirma que se o país adotar política fiscal compensatória – com foco na infra-estrutura – o Brasil poderá melhorar a competitividade de sua economia e das exportações depois da crise. Essa, ajunta Kupfer – especialista em economia industrial – tem sido a tática dos países asiáticos de forte expansão recente.

Outra corrente de pensamento acadêmico, exposta pelo professor Márcio Garcia, da PUC-Rio, é a de que o governo deve “conter a expansão dos gastos correntes, abrir espaço para o relaxamento da política monetária e focar no investimento público”. Ainda, esperando uma recessão prolongada, o premio Nobel de Economia Daniel McFadden (Universidade da Califórnia, em Berkeley), ressalta que o Brasil será afetado pela queda no preço das commodities e restrição do crédito externo, mas pode reagir a essa situação adversa “promovendo programas de investimento em infra-estrutura”; inversões de prioridade para a recuperação e para as quais deve haver recursos disponíveis.

Tais recursos devem ser providos inclusive pelos organismos internacionais e países com moeda-reserva – ajunta o professor Dani Rodrik, da Universidade de Harvard – porque apoiar os emergentes é de interesse do próprio G-7, para salvar seus mercados. 

PAC NO PARANÁ

Preservar os investimentos em infra-estrutura também foi a tônica do Congresso ao aprovar o orçamento de 2009. No caso do Paraná, além das obras inicialmente previstas no Programa de Aceleração do Crescimento, outros projetos estão sendo arrolados, dentro da lógica governamental de canalizar recursos para iniciativas dotadas de bons projetos ou que estejam sendo tocadas sob ritmo firme.

Neste sentido pretendemos levantar as principais reivindicações da comunidade paranaense para apresentar um sumário ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a tempo de ver tais demandas incluídas no PAC, em benefício da economia do Paraná.

Rafael de Lala é presidente do Centro de Relações Internacionais do Paraná e da Associação Paranaense de Imprensa.

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