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Em Curitiba, Laboratório Editorial com livros grátis

por Aroldo Mura

A Tulipas Negras Editora estreia no mercado editorial com uma proposta ousada e original. A partir do slogan “Conto não vende? Ótimo. Só publicamos contos”, a empresa edita 4 livros de 4 autores, de variadas gerações, que atuam em Curitiba. Nodia 25 de fevereiro, durante a Quadra Cultural 2012, serão distribuídos – gratuitamente – os livros “Compressa”, de Cristiano Castilho, “934”, de Marcio Renato dos Santos, “Helena”, de Renan Machado e “Pantera”, de Fábio Campana. Cada livro traz 1 conto de 1 autor – e as edições são, cada uma, em formato 7,5 x21 centímetros; a impressão é em papel reciclato.

“A Tulipas Negras Editora surgiu do sonho de uma empresária portuguesa de publicar apenas contos e, ao mesmo tempo, distribuir gratuitamente os livros”, afirma o escritor Marcio Renato dos Santos, de 37 anos, o porta-voz do selo. A proprietária da editora, que pede para não ser identificada, mora no Rio de Janeiro e quer contrariar a lógica do mercado. “Em primeiro lugar, por publicar apenas conto, um gênero considerado pouco comercial. Depois, a empresária, vai promover a circulação das obras sem custo para o público”, comenta Marcio.

O fato de a editora promover o lançamento em Curitiba tem explicação. A empresária conheceu a ficção do escritor curitibano Marcio Renato dos Santos por meio do livro “Minda-Au”, publicado pela editora Record, e se animou. “Há alguns meses, ela me procurou. Em seguida, lancei, em dezembro do ano passado, o meu segundo livro, ‘Você tem à disposição todas as cores, mas pode escolher o azul’, dentro de uma passagem subterrâneaem Curitiba. Foramdistribuídos, gratuitamente, mil unidades. A empresária gostou da proposta e optou pela distribuição gratuita dos impressos da Tulipas Negras Editora”, diz Marcio.

A proprietária convidou Marcio Renato dos Santos para ter 1 conto inédito publicado, o “934”, que faz alusão a uma cidade na qual os habitantes apresentam comportamentos inéditos em relação aos padrões estabelecidos desde muito pela espécie. “Em seguida, ela sugeriu que eu escolhesse outros 3 autores para serem publicados. Convidei o Cristiano Castilho, o Renan Machado e o Fábio Campana. Ela leu os contos deles e ficou emocionada. Afinal, o Castilho, o Renan e o Campana representam vozes instigantes, pouco convencionais e surpreendentes”, afirma Marcio.

O projeto gráfico, a logomarca da empresa e a diagramação e arte dos impressos são de autoria do artista visual e designer Marciel Conrado. Já a campanha publicitária, veiculada em redes sociais, foi elaborada pelo designer Luiz Avanço. O historiador Ricardo Freire revisou os conteúdos. “Toda a equipe que participa do projeto vive em Curitiba. A editora, por hora, não tem sede. Mas há intenção de que isso (ter sede) aconteça. O importante é que todos foram remunerados, dos autores ao pessoal do design”, informa Marcio.

Uma das metas da Tulipas Negras Editora é revelar novas vozes e facetas pouco conhecidas de autores que já têm livros publicados. “Veja o caso do Fábio Campana. Ele é mais conhecido, no Paraná, por causa de sua atuação como jornalista. Mas o Campana é dono de uma voz ficcional raríssima. ‘Pantera’, o conto dele publicado pelo selo, vai mostrar toda força e inventividade do prosador. Poucas vezes alguém escreveu sobre desejo, perda de ilusões e sensualidade como o Campana neste conto”, comenta Marcio.