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Em Curitiba, Dilma defende nova eleição

foto: Franklin de Freitas

A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) pediu ontem à tarde em Curitiba uma “repactuação” para levar adiante uma reforma política no país, com realização de um plebiscito sobre novas eleições e resistência para que o processo de impeachment seja barrado no Senado. A petista falou durante 40 minutos no Circo da Democracia, na praça Santos Andrade. O Circo da Democracia é uma iniciativa de aproximadamente 100 entidades da sociedade civil, com o objetivo de debater o processo de impeachment. Apesar do temor de confrontos entre grupos pró e contrários a Dilma, não foram registrados incidentes no evento. As informações são do Bem Paraná.

Acompanhada dos senadores Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT), Dilma chegou às 18h15 ao local — no circo armado em frente à escadaria da sede da Universidade Federal do Paraná. Depois de falas da poeta paranaense Alice Ruiz, do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra no estado, Roberto Baggio, do ex-presidente da OAB nacional Marcello Lavenère e da presidente da CUT-PR, Regina Cruz, Dilma foi aplaudida por militantes, estudantes e sem-terra.

“O país foi tomado e dilacerado por um golpe”, afirmou a presidente afastada, em meio a gritos de “Fora Temer” e “Volta Dilma”. “Primeiro disseram que não era um golpe. Depois, que não é um golpe porque não foram usadas balas e tanques. Porque esse é um golpe diferente do de 1964, é um golpe parlamentar. É fato que há a previsão do impeachment na Constituição, mas é um golpe porque não há crime de responsabilidade”, afirmou.

Previdência – Para a presidente afastada, o objetivo ao retirá-la do poder é atingir direitos trabalhistas e previdenciários. Ela citou as propostas de reforma da previdência e de aumentar a carga horária de trabalho. “Um país de trabalhadores e mulheres passou a ser governado por homens velhos, ricos e com problemas na Justiça”, acusou. “Temos uma crise fiscal por queda de arrecadação, não é possível que uma classe queira que as outras paguem sozinhas. Por isso colocaram aquele pato amarelo na frente da Fiep (Federação das Indústrias de São Paulo). Os reponsáveis por isso são parte da mídia, parte da oposição, e parte do capital especulativo financeiro”.

A petista avaliou ainda que o país precisa de uma reforma política, que seja feita “por baixo”, e não “por cima”. “O país tem uma fragmentação partidária assustadora. É importante falar contra certo moralismo de fachada: ter 25 partidos é a mãe e o pai do fisiologismo. É fundamental que seja feita uma repactuação, e que essa repactuação não seja feita por cima”.

Recepção – O Circo da Democracia ficará até o dia 15 na Praça Santos Andrade. Na semana passada, representantes do Movimento Brasil Livre (MBL), que organizou manifestações pedindo o impeachment da presidente, disseram que Dilma teria uma “recepção calorosa” no local, mas não foram registrados incidentes ou protestos contra a presidente afastada. Outra preocupação era com a possível hostilidade contra o juiz Sério Moro, que dá aulas no prédio central UFPR. O policiamento foi reforçado e os militantes entoaram cantos e “Fora Sérgio Moro”.