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Em acareação, delatores confirmam pedido de R$ 1 milhão de ex-ministro

Paulo Roberto Costa ficou frente a frente com o doleiro Alberto Youssef por 10 horas, na Polícia Federal, em Curitiba, para tratar de pontos conflitantes de delações

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Por Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Julia Affonso – Estadão

O ex-­diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa sustentou em acareação com Alberto Youssef nesta segunda-­feira, 22, em Curitiba, que o ex-­ministro de Comunicação Paulo Bernardo solicitou R$ 1 milhão para o esquema de cartel e corrupção na Petrobrás. Peças centrais nas investigações da Operação Lava Jato, os dois ficaram frente a frente por cerca de 10 horas para confrontar versões conflitantes de suas delações premiadas, em relação ao envolvimento de políticos.

Nesta terça­feira, 23, os dois vão detalhar o suposto pagamento de R$ 2 milhões a pedido do ex-­ministro Antônio Palocci em 2010. A Lava Jato apura se a beneficiária foi a campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2010. Os dois farão acareação ainda na quarta­-feira e na quinta-­feira, tratando de outros pontos que não são convergentes entre as duas delações, como o envolvimento do ex-­ministro Edison Lobão, do PMDB.

Os três ex-­ministros são alvos de inquéritos abertos a partir de março dentro do conteúdo das delações premiadas fechadas por Costa e Youssef no Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, os pedidos do procurador-­geral da República, Rodrigo Janot, foram para abertura de inquérito contra Lobão e a senadora Gleisi Hoffmann (PT­-PR) – beneficiária do pedido feito por Bernardo. No caso de Palocci, o STF remeteu o caso a Curitiba, onde foi aberto inquérito.

A acareação é conduzida por um delegado da PF de Brasília, onde são conduzidos os inquéritos sob a guarda da força-­tarefa criada pelo procurador­-geral da República, Rodrigo Janot. Os termos são colhidos no âmbito dos inquéritos que sobrem no Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo políticos, e que estão em fase inicial.

O ex­-diretor e o doleiro são condenados da Lava Jato acusados de serem braços do PP no esquema de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro na Petrobrás, entre 2004 e 2012 – com pagamentos acontecendo até 2014.

Costa cumpre prisão em regime domiciliar no Rio. Ele chegou por volta das 9h30 na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba – sede das investigações da Lava Jato. Deve permanecer em um hotel de Curitiba, durante a semana.

Confirmação. Em relação a Paulo Bernardo, os delatores apontam o pagamento de R$ 1 milhão para a campanha de 2010 da exministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT­PR), que foi eleita senadora naquele ano. Bernardo, que é marido da senadora, fez a solicitação.

Um dos pontos de divergência explicado foi o de quem efetivamente teria entregue os valores pedidos por Paulo Bernardo. O doleiro disse não ter sido ele pessoalmente o efetivador das entregas. Os depoimentos dos dois delatores foi convergente na maioria dos pontos abordados. “São informações que não chegam a ser contraditórios”, afirmou um dos advogado de Youssef, Tracy Reinaldet.

COM A PALAVRA, A DEFESA
Paulo Bernardo não foi encontrado para comentar o assunto nesta segunda-­feira. Em outras ocasiões, ele afirmou que “não pediu nem recebeu qualquer importância” do doleiro Alberto Youssef. A senadora Gleisi Hoffmann tem sustentando que desconhece Youssef e que “todas as doações constam na prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral.