Com a morte do Papa Francisco esta semana, o mundo perde uma das maiores vozes pelo diálogo, pela paz e pela reconciliação. De encontros históricos com líderes ortodoxos, judeus, islâmicos e budistas até apelos incansáveis contra as guerras na Ucrânia, Israel e Gaza, Francisco não foi apenas um líder religioso: foi um arquiteto de pontes em tempos de muros.
Foi justamente esse espírito de união que a ex-presidente Dilma Rousseff tentou destacar em uma entrevista no Vaticano, durante o velório, ao comentar que Francisco “era um homem religioso” — não na banalidade da obviedade, mas no sentido profundo da palavra “religare”: unir, conectar.
Mas, como sempre, perfis de extrema-direita nas redes sociais preferiram o caminho mais fácil: arrancar a frase do contexto e tentar ridicularizar a ex-presidente. Entre um meme distorcido e outro, fingiram não entender (ou realmente não entenderam) que Dilma falava de algo muito maior: da capacidade de Francisco de aproximar mundos distintos em um tempo de divisão brutal.
No final, a tentativa de deboche apenas expôs o que já é sabido: ignorância, arrogância e má-fé continuam sendo os pilares nestes tempos de polarização na política brasileira e nas redes sociais.