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Dilma corta verba e Oeste protesta

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Jean Paterno, O Paraná

Não é de hoje que as regiões do Brasil, no Oeste do Paraná, que fazem fronteira com o Paraguai e a Argentina sofrem com o descaso e com a desarticulação governamental. Além de obras que não se concretizam e de licitações anunciadas que não saem do papel, líderes e comunidades de Foz do Iguaçu, Guaíra e Barracão, no Sudoeste, acabam de ser surpreendidos com a informação de corte de R$ 130 milhões que seriam destinados ao aparelhamento das forças policiais que atuam nessas divisas.

A denúncia do senador Álvaro Dias ocorreu na quinta-feira e trouxe indignação aos que fazem do Oeste do Paraná, apesar das limitações, uma das regiões com os mais consistentes indicadores sociais e econômicos do País. A fragilização da fronteira, principalmente no entorno do lago de Itaipu, de Foz passando pelos municípios lindeiros até Guaíra, é um processo gradual e que agrava riscos.

Embora reconheçam os esforços dos comandos policiais, dos agentes e da Polícia e Receita Federal, autoridades entendem que a decisão do Governo Dilma Rousseff enfraquece uma região que deveria ser olhada e tratada com o máximo de cuidado. “Em vez de cortes, a União precisaria elevar progressivamente a soma de recursos destinada a essas áreas, devido aos componentes especiais que elas carregam, fundamentais à segurança nacional”, observa o presidente da Acifi, a Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu, Roni Temp.

A falta de planejamento e de medidas rigorosas de vigilância e controle nas divisas expõe o Brasil aos mais diferentes tipos de crimes e violências. “Infelizmente, a imprensa mundial mostra muito mais o que de ruim ocorre do que as belezas e virtudes de uma região única, e essa abordagem negativa desgasta não apenas a imagem de Foz, como da região e do País”, lamenta Roni. Devido a características singulares, e sem o devido suporte técnico e financeiro, as pontes da Amizade e Ayrton Senna ficam à mercê de práticas ilegais.

O corte de R$ 130 milhões vem associado à carência na infraestrutura, a exemplo da demora na licitação da segunda ponte entre Brasil e Paraguai, e nos constantes atrasos dos cronogramas de duplicação de rodovias, além das falhas estruturais no Porto Seco. “Foz e região crescem em ritmo forte, e a resposta pública, com investimentos, não ocorre na mesma proporção e velocidade”, conforme Roni Temp. O anúncio de eliminação de recursos se dá em um ano atípico, com Copa do Mundo e eleições gerais, que exigirão ainda mais as fronteiras.