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‘Depositava ao PT’, diz dono da UTC

‘Depositava ao PT’, diz dono da UTC

O dono da UTC, Ricardo Pessoa, disse ontem à Justiça que “depositava oficialmente na conta do Partido dos Trabalhadores” parte da propina que a empreiteira pagava por obras na Petrobras. Foi a primeira vez que Pessoa deu depoimento após prestar delação premiada, em acordo que prevê uma multa de R$ 51 milhões. O empreiteiro admitiu ontem que a delação incrimina políticos, sem citar nomes. Os termos estão em sigilo, mas, segundo publicado por alguns veículos, citariam inclusive a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. As informações são do Metro/Curitiba.

Ao juiz Sérgio Moro, Pessoa contou que a UTC pagou propina por todos os contratos na Petrobras entre 2006 e 2012. Ele diz ter sido chamado de início pelo ex-deputado José Janene (morto em 2010), para “uns três jantares”, onde acertaram propinas ao PP em obras da Diretoria de Abastecimento, de Paulo Roberto Costa. O dono da UTC disse que Renato Duque, ex-diretor de Serviços, pediu pouco depois para Pessoa fazer “contribuições políticas” ao PT, através do ex-tesoureiro do partido João Vaccari. “Para mim, [quando pagava propina] à Diretoria de Serviços, eu estava pagando ao Vaccari, era a mesma coisa”, afirmou.

Pessoa ficou preso por 5 meses e foi solto em abril. Ele obteve o benefício de prisão domiciliar e voltou a trabalhar na empresa. O empresário admitiu que as construtoras se reuniam para “definir prioridades” entre os grandes contratos da Petrobras. Mas negou que o método fraudava todas as licitações: segundo ele, o chamado ‘clube’ se reunia em grandes consórcios, mas às vezes havia empreiteiras ‘aventureiras’ na concorrência.

“Nós tínhamos a segurança de 70% a 80%. Eu, na UTC, tive pelo menos duas ou três grandes surpresas [licitações vencidas fora da previsão do clube]”, disse. O clube não tinha acesso aos preços que a Petrobras estava disposta a pagar por cada obra, e as propostas das empreiteiras ficavam muito caras “quando o projeto era errado, e muitas vezes era”, segundo o delator.