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‘Confira pois caiu agora!!!’, diz empreiteiro a Paulo Bernardo

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Para a Polícia Federal, mensagens pelo celular de 30 de agosto de 2014 e 3 de setembro de 2014 parecem sugerir que ex-ministro dos governos Lula e Dilma estaria questionando Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, ‘de forma velada acerca de depósito’

Relatório da Polícia Federal, na Operação Lava Jato, destaca mensagens trocadas, em 2014, entre o então presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo, e Paulo Bernardo, que na ocasião ocupava a cadeira de ministro das Comunicações do governo Dilma. As informações são de Julia Affonso, Mateus Coutinho, Ricardo Brandt e Fábio Serapião no Estadão.

Paulo Bernardo é casado com a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). O apartamento onde ambos residem em Brasília – imóvel funcional do Senado – foi alvo de buscas da PF em junho passado, na Operação Custo Brasil.

O ex-ministro, que chegou a ser preso – mas solto dias depois por ordem do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal – é suspeito de envolvimento no esquema Consist, desvios de R$ 100 milhões de empréstimos consignados no âmbito do Ministério do Planejamento, gestão Paulo Bernardo, em 2010 (Governo Lula).

A PF avalia que o conteúdo dos textos resgatados do celular do empreiteiro da Andrade Gutierrez, que fez acordo de delação premiada para se livrar da prisão da Lava Jato, indica uma suposta pressão do ex-ministro ‘por depósito’.

“As mensagens de 30 de agosto de 2014 e 3 de setembro de 2014 parecem sugerir que Paulo Bernardo estaria questionando Otávio de forma velada acerca de depósito, conforme se observa. Em 30 de agosto de 2014, Paulo Bernardo envia: ‘Doutor Otavio, bom dia! Confirma nossa conversa para o dia dois?’ Otávio responde: ‘Confirmo.’ E Paulo Bernardo envia: ‘Obrigado. Abraço.’ No dia 3 de setembro de 2014 Otávio envia mensagem: ‘Confira pois caiu agora!!!”, anota a Polícia Federal.

A sequência de mensagens do dia 30 de agosto começa às 15h09. Paulo Bernardo diz a Otávio Azevedo. “Doutor Otavio, bom dia! Confirma nossa conversa para o dia dois?”

Às 16h24, o retorno do presidente da Andrade Gutierrez. “Confirmo.”

Um minuto depois, o ministro das Comunicações agradece. “Obrigado. Abraço.”

Em 3 de setembro, Otávio Azevedo avisa Paulo Bernardo. “Confira pois caiu agora!!!”

“Obrigado, farei isso. Abraços”, escreve o então ministro das Comunicações.

Segundo a PF, o aplicativo Whatsapp de Otávio Marques de Azevedo continha uma série de mensagens com o interlocutor “Paulo Ministro Bernardo/ João Rezende”.

“Observa-se que em algumas mensagens Otávio chama o interlocutor de Ministro. Possivelmente se refere ao então Ministro das Comunicações Paulo Bernardo da Silva”, apontam os investigadores.

“As diversas mensagens sugerem a realização de encontros/reuniões entre Paulo Bernardo e Otávio Marques”, conclui o relatório da PF. “Chama a atenção a forma como Paulo Bernardo trata Otávio (‘Doutor’). Também a mensagem de 21 de maio de 2014 em que Paulo Bernardo diz que prefere conversar em outro lugar, que não o trabalho.”

Naquele 21 de maio de 2014, durante troca de mensagens com o empreiteiro, Paulo Bernardo pede. “Eu prefiro conversar em outro lugar, que não o trabalho. Se vc vier mais cedo, falamos fora. Ou depois que vc sair de lá também. Outra alternativa: vou ao Rio na segunda, podemos falar lá, perto da hora do almoço.”

Otávio responde. “Devo estar no Rio na segunda, as 10h e posso ir aonde for conveniente. Se preferir terei o maior prazer de recebê-lo na AG, escritório no prédio novo da FGV na praia de Botafogo, inclusive para almoçar. Forte abraço.”

“Então vou lá almoçar com vc. Pode me mandar o endereço? Acho que sei qual é o prédio”, retorna Paulo Bernardo.

COM A PALAVRA, A ADVOGADA VERÔNICA STERMAN, QUE DEFENDE PAULO BERNARDO

Esclarecemos que o ex-Ministro Paulo Bernardo possuía o telefone do Sr. Otávio Azevedo, assim como de vários outros empresários, e por vezes se comunicava com eles. Não há nem nunca houve nada de errado ou ilícito no teor dessas conversas. As mensagens são claras e não há qualquer ‘mensagem velada’ que possa ser interpretada diferentemente do que consta no próprio texto.