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Comissão Estadual da Verdade fará audiência pública em Foz do Iguaçu

A Comissão Estadual da Verdade (CEV) do Paraná realiza nesta quinta-feira (27), em Foz do Iguaçu, audiência pública com a finalidade de ouvir vítimas e testemunhas de graves violações de direitos humanos ocorridas na região da tríplice fronteira durante a ditadura militar. O evento começa às 8h30 e será na Câmara Municipal.

A sessão, que terá a participação do Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça e o Fórum de Direitos Humanos e Memória Popular, em parceria e com apoio da Comissão Nacional da Verdade, Secretaria de Direitos Humanos, Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, será aberta pela secretária estadual da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Maria Tereza Uille Gomes, e terá a coordenação do presidente da CEV-PR. 

A coordenação dos trabalhos será de Pedro Bodê e da coordenadora da CNV, Rosa Cardoso, com a participação do membro da CNV José Carlos Dias, co-coordenador do grupo de trabalho Graves Violações de Direitos Humanos (mortos, desaparecidos e tortura).

“Para nós, do Paraná, essa parceria com as entidades nacionais é importantíssima, absolutamente imprescindível para que possamos esclarecer as violações de direitos humanos no nosso estado”, afirma o presidente da Comissão da Verdade e professor da UFPR, Pedro Bodê. As violações que deverão ser esclarecidas aconteceram dentro de um marco nacional e fazem parte de uma decisão fundamental de se passar a limpo esse período obscuro de nossa história, disse ele. “Sem esses apoios, seria praticamente impossível a realização desta audiência pública”, afirmou Bodê.

As oitivas, realizadas pelos membros da Comissão, começarão às 9h, com uma apresentação do jornalista e militante de direitos humanos Aluizio Palmar (foto), autor do livro “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?”, sobre a chacina de Medianeira. Após a apresentação, serão ouvidas duas testemunhas e um agente que participou do crime, ocorrido na estrada do Colono, no interior do Parque Nacional de Foz do Iguaçu, no Paraná.

O massacre contou com a participação de um agente colaborador que atraiu cinco militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) – Onofre Pinto, os irmãos Daniel e Joel de Carvalho, José Lavecchia e Victor Ramos – e o argentino Enrique Ruggia, para uma emboscada montada pelo Exército no interior do Parque Nacional.

No local, cinco deles foram mortos. Ex-sargento do Exército Brasileiro, Onofre Pinto foi levado vivo e torturado em Foz até a morte. Seu corpo foi jogado numa área hoje coberta pelo lago de Itaipu.

Às 14h, a audiência será retomada para tratar do caso do sequestro dos exilados paraguaios no Brasil, Rodolfo Mongelos e Anibal Abbate Soley, sequestrados em Foz e conduzidos até um sítio em Goiás, onde foram barbaramente torturados. As vítimas farão o seu relato no evento.

Às 16h, a audiência prosseguirá com a oitiva de três vítimas de prisões e torturas no Batalhão do Exército de Foz do Iguaçu. Um agente do período foi convocado.

No dia 28 pela manhã, também na Câmara de Vereadores de Foz, caso não seja possível cumprir toda a agenda no dia 27, será ouvido o coordenador do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, que falará sobre a Operação Condor. Em seguida, haverá uma exposição sobre violações de Direitos Humanos de indígenas da etnia Avá-Guarani.

Ao final do evento está prevista uma visita ao 34º Batalhão de Infantaria Motorizada e à pedra fundamental do Memorial da Resistência.

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