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Com o apoio do PMDB, Richa consegue criar supersecretarias

Por Sandro Moser, na Gazeta do Povo:

Sem a resistência que o PMDB ensaiou fazer, a Assembleia Legis­­­la­­­tiva do Paraná (Alep) aprovou ontem a criação das “supersecretarias” de Infraestrutura e Logística e da Família e Desenvol­­­vimento Social, propostas pelo governo Beto Richa (PSDB). As duas novas superpastas são ocupadas, desde janeiro, por José “Pepe” Richa Filho e Fernanda Richa, respectivamente irmão e esposa do governador.

Apenas 3 dos 12 deputados do PMDB, que preferiram se abster da votação, e os seis deputados do PT, que votaram contra a proposta, formaram a resistência à reforma administrativa promovida por Richa. No total, 38 deputados referendaram, em última votação, os projetos do governo – que agora só dependem da sanção de Richa para entrar em vigor.

Peemedebistas governistas

A votação de ontem deu um forte indicativo de que o PMDB da Assembleia integrará a base de apoio do governo, embora Richa fosse de oposição ao ex-governador peemedebista Roberto Requião, que comandou o estado até o ano passado.

Antes da sessão, o líder do PMDB na Assembleia, deputado Caíto Quintana, anunciou que a bancada do partido se reuniu na noite anterior e decidiu que cada parlamentar poderia votar como quisesse.

Caíto disse que se absteria da votação e afirmou acreditar que a maior parte dos 12 deputados do partido também faria o mesmo. A postura seria um alerta para o governo:

“Não vamos votar contra o projeto, pois achamos que o governo tem a liberdade para escolher o modelo de gestão. Porém, entendemos que o modelo escolhido é ruim para o estado e ruim para o próprio governo”, disse. Mas a previsão de Caíto não ocorreu: nove peemedebistas referendaram os projetos de Richa – inclusive o presidente estadual do partido, Waldyr Pugliesi.

Caíto não participou da sessão, pois viajou a Brasília para uma reunião com a cúpula nacional do partido acompanhado do também deputado peemedebista Antonio Anibelli Neto, outro que se manifestou publicamente contra o projeto governista. Nereu Moura foi o único peemedebista a ficar no plenário que manifestou sua abstenção no painel eletrônico.

Debates acalorados

Se a proposta governista foi aprovada sem dificuldades, os debates no plenário foram mais acalorados do que o normal. O líder do governo, Ademar Traiano (PSDB), contestou as declarações do líder da oposição, deputado Enio Verri (PT), de que as supersecretarias concentrarão cerca de 80% do orçamento do governo.

Segundo Traiano, a nova Secretaria de Infraestrutura terá 1,52% da receita de investimentos do estado e não do orçamento, o equivalente a R$ 358 milhões em 2011. Já para a Secretaria da Família será destinado 0,87% ou R$ 204 milhões em investimentos.

“O deputado Verri foi secretário do Planejamento e é economista, mas sua matemática está equivocada. Ele não poderia ter falado que 80% do estado ficariam vinculados às duas secretarias. Foi uma informação distorcida”, disse o líder do governo.

O líder da oposição assumiu o erro, corrigindo que as pastas acumulam 80% da capacidade de investimento do estado e não do orçamento. Apesar disso, ele criticou a proposta. “Não estamos discutindo o modelo de gestão, que é um retocesso político”, disse.

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