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Chile em chamas: insatisfação social transborda via estudantes

Via blog do Zé Dirceu:

Nosso vizinho próximo, aqui no extremo do Cone Sul, o Chile, está há várias semanas convulsionado por manifestações de protesto contra o seu governo, liderado pelo presidente Sebastian Pinerã. Ele é um dos poucos governantes de direita na América do Sul, e a grande supresa quando se elegeu em janeiro do ano passado, já que o continente tem elegido governantes de centro ou de esquerda.

Os protestos contra o governo Piñera se ampliaram na 5ª e 6ª feira desta semana, quando milhares de estudantes saíram em manifestações pelas ruas de Santiago e chegaram a ocupar a TV Chilevision. O dono da TV é exatamente o presidente da República que afastou-se dela pouco antes de tomar posse em 2010. Depois da ocupação, os estudantes deixaram a emissora pacificamente.

Mas, até a noite de ontem, havia mais de 900 manifestantes presos, além de 30 feridos pela repressão do governo. Os estudantes pedem uma nova política de Educação para o país, já que a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1989) privatizou praticamente todo o ensino público chileno.

O que há por trás das manifetações estudantis
O recrudescimento dos protestos nesta 5ª e 6ª feiras, porém, ocorreu porque Piñera proibiu as manifestações públicas, para tanto utilizando-se de um decreto da ditadura Pinochet, típico de regime ditatorial: a lei deixada pelo general estabelece que as manifestações só podem ocorrer se autorizadas pelo governo.

Mas, os estudantes, segundo declarou a este blog o ex-senador Carlos Ominami são apenas a ponta do iceberg nessa onda de protestos no Chile. Carlos é pai de Marco Enríquez-Ominami, candidato independente que conquistou 20% dos votos nas eleições presidenciais no ano passado.

Segundo Carlos Ominami, há um esgarçamento social no Chile e toda a sociedade está insatisfeita seja com a crise econômica, seja com o governo Piñera, pouco mais de um ano após elegê-lo.

Como em várias partes do mundo e tantas vezes já ocorreu na história, os estudantes seriam, assim, os porta-vozes, ou o primeiro segmento da população chilena a externar com suas manifestações a insatisfação que permeia, hoje, toda a sociedade chilena.