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Bolsonaro presidente. E agora?

Ele foi treinado a amar a pátria; precisamos disso

Silas Malafaia

Nas últimas eleições, os brasileiros deram, nas urnas, um recado insofismável: queremos mudança; não aceitamos mais governantes envolvidos em corrupção; não admitimos mais um sistema político baseado em troca de interesses. Nossa sociedade, em sua maioria cristã, também advertiu: os valores cristãos têm, sim, importância no cotidiano da nação. O povo, do mesmo modo, anunciou: não suportamos mais essa violência generalizada; queremos paz nas ruas e o desbaratamento do crime organizado.

A nação brasileira deu ainda outro sinal claro: o país precisa mudar, de forma radical, a sua economia, especialmente no que diz respeito à carga tributária imposta à pessoa física e ao empresariado, pois isso tem impedido o progresso das empresas e, por conseguinte, diminuído a oferta de empregos –milhões de pessoas aguardam, ansiosamente, por uma vaga no mercado de trabalho. Além disso, é preciso que haja uma mudança drástica nos processos burocráticos, pois nenhum país consegue crescer com tantos entraves administrativos e com toda essa “papelocracia”.

Outro recado claro foi posto nas urnas: estamos todos no mesmo barco; se a economia afundar, afundamos todos — empregados e empregadores. Por essa razão, a nação também espera que Bolsonaro enxugue a máquina pública e faça todas as reformas necessárias. O povo entendeu que é preciso lançar um olhar patriótico sobre o país, e isso implica fazer sacrifícios em prol de um projeto de reconstrução nacional.

Por entender que existem pontos positivos em Bolsonaro, o povo o elegeu: além de ser um homem íntegro, o presidente não abriga em si ganância política de qualquer natureza — o novo presidente não pretende perpetuar um projeto de poder. Como militar, Bolsonaro foi treinado para amar a pátria e a lutar por ela. E é disso que precisamos neste momento: devoção ao país e defesa de interesses suprapartidários.

Nós, brasileiros, precisamos entender que os problemas plantados e cultivados ao longo de muitos anos não serão resolvidos da noite para o dia. Qualquer gestor precisa de um tempo mínimo para compreender o funcionamento da grande máquina (pública ou privada). De igual modo, os Poderes da República precisam compreender que de nada adiantará fomentar guerras, brigas ou desavenças, pois isso só fará aprofundar a crise que atravessamos.

Sob outra perspectiva, cabe ao povo e aos políticos uma mudança de mentalidade. O único instrumento capaz de promover uma transformação completa na nação é a renovação da mente –nisso se inclui a cultura do “levar vantagem em tudo”.

Ao presidente eleito, por sua vez, cabe a conscientização de que não elegemos um candidato a Deus; o fato de ter “Messias” em seu nome não faz dele um “salvador da pátria”. Eu só conheço um Salvador: Jesus Cristo, o Senhor. É Ele quem muda e transforma a vida do homem e lhe concede a vida eterna.

Por fim, entendemos que Bolsonaro não foi eleito para favorecer nenhum grupo ou instituição particular; isso porque também compreendemos que ninguém deve requerer benfeitorias e privilégios para um determinado segmento social em detrimento do conjunto da sociedade.

Repito: não queremos um “salvador de pátria”, mas alguém que possa construir um caminho sólido para as gerações futuras. A minha oração é que Deus abençoe o Brasil, dando sabedoria ao presidente, aos ministros e às pessoas que compõem cada cadeira do poder público.

Um Natal abençoado para todas as famílias; que as portas da bem-aventurança se abram para todos os brasileiros em 2019.

Silas Malafaia
Presidente do Conselho de Pastores do Brasil e pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo; formado em teologia e psicologia

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https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/12/bolsonaro-presidente-e-agora.shtml