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Bernardo Figueiredo deve comandar estatal do trem-bala

do Valor Econômico

A presidente Dilma Rousseff quer que o ex-diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, assuma o comando da estatal Etav, criada para ser a gestora do trem de alta velocidade.

AQUI o relatório apresentado por Requião, que impediu a recondução de Figueiredo à ANTT

O convite de Dilma foi oficializado a Bernardo Figueiredo por meio do ministro dos Transportes, Paulo Passos. O ex-diretor geral da ANTT está de quarentena até o dia 17 de junho. A chegada de Figueiredo na Etav pode colocar para funcionar a estatal que já teve a sua criação aprovada no ano passado pelo Congresso, mas que ainda não saiu do papel.

O Valor apurou que Bernardo Figueiredo recebeu o convite com empolgação e que, se nada mudar nas próximas semanas, seu nome será de fato oficializado na Etav.

O retorno de Figueiredo à Pasta dos Transportes carrega duas respostas claras do Palácio do Planalto.

Do lado político, Dilma reforça sua contrariedade com a decisão do Senado, que em março derrubou a indicação para reconduzir Figueiredo ao comando da ANTT, decisão que contou com uma campanha sistemática do senador Roberto Requião (PMDB-PR) para barrar Figueiredo. Apesar dos apontamentos feitos contra a gestão dele à frente da agência, ficou claro que a decisão do Senado foi motivada, principalmente, por parcela da base aliada insatisfeita com nomeações de Dilma.

Do lado operacional, o retorno de Figueiredo simboliza a manutenção do polêmico projeto do trem-bala, empreendimento que pretende ligar Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Desde a sua saída da ANTT no dia 7 de março, o projeto ficou praticamente paralisado. Em audiência na Câmara, o ministro dos Transportes, Paulo Passos, admitiu que a saída do ex-diretor da agência havia congelado o projeto.

O ministro disse que o governo fará a licitação do trem-bala até o fim deste ano e que o projeto está em fase de conclusão. “Estamos finalizando alguns estudos com os ministérios do Planejamento e da Fazenda. Vamos concluir esses últimos ajustes e faremos a licitação.”

A licitação do trem-bala será feita em duas etapas. No primeiro leilão, será contratada a empresa que fará a operação do trem. Em 2013, será feita uma segunda licitação, para contratar a companhia que assumirá a construção civil do projeto.

O custo do trem-bala ainda é uma incógnita. Pelos cálculos do governo, o empreendimento tem orçamento em torno de R$ 38 bilhões, mas a indústria fala que o projeto ultrapassa os R$ 50 bilhões.

A estimativa do governo é de que só o projeto executivo de engenharia do trem, um relatório técnico aprofundado da obra, consuma investimentos de aproximadamente R$ 540 milhões. Esse custo deverá ser integralmente pago pela Etav. A estatal também tem previsão de injetar mais R$ 3 bilhões em ações socioambientais e de desapropriação. Com esses investimentos, a estatal seria dona de aproximadamente 10% do custo total do projeto. O BNDES é o principal financiador do trem-bala, com previsão de emprestar mais de R$ 20 bilhões para o consórcio que assumir a obra.

Figueiredo é a aposta do governo para tentar levar adiante um empreendimento que já teve seu leilão de concessão adiado em três ocasiões. O trem planejado para percorrer 510 quilômetros em velocidades acima de 250 kms por hora já foi almejado para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Hoje a previsão mais otimista sinaliza que a obra só estaria concluída em 2020.

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