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A aula de Dilma no Paraná

A aula de Dilma no Paraná

José Pedriali

A president@-adjunta Dilma Hoffmann deu ontem uma aula magna, ao discursar durante o quarto (!) lançamento da candidatura da irmã, amiga e camarada Gleisi Rousseff, ontem à noite, em Curitiba. Uma aula de como se orgulhar de ser hipócrita, fazendo exatamente o mesmo – e de forma apologética – que se diz combater.

“O Paraná nunca foi discriminado pelo governo federal”, disse ela, no mesmo dia em que, pressionado por um pedido de prisão em flagrante, o secretário do Tesouro Nacional, o também companheiro Arno Agustin, liberou – depois de dois anos de tramitação e três liminares do STF para desbloqueá-los – os recursos do Proinveste ao governo do tucano Beto Richa.

Referindo-se aos tucanos (pois o PT não concebe o mundo sem eles, assim como o catolicismo medieval não concebia o Bem sem o Mal), ela tascou: “Os nossos adversários andam espalhando muitas inverdades a nosso respeito. A nossa proposta é só fazer o contrário a respeito deles: só falar a verdade. Vamos lembrar o que eles produziram enquanto estiveram no governo. Produziram recessão, desemprego, redução da renda e achatamento salarial. Eles produziram isso não porque são maus, mas porque se submeteram ao modelo de gestão proposto pelo capital financeiro”, disse.

À primeira afirmação, que não é acompanhada de provas, segue-se uma enxurrada de mentiras – exatamente o oposto que ela anuncia que faria, exatamente o mesmo pecado que atribui aos adversários.

Os fatos falam por si – e não será o esforço do PT para mudar a história que os encobrirão: os percalços nos oito anos de gestão FHC – que sequer esbarraram na gravida exposta por Dilma – foram decorrentes de um ajuste fiscal e econômico (Plano Real) seguido do enxugamento do Estado, responsável pela estabilidade da moeda e do crescimento que tanto favoreceu o país naquele e nos dois governos Lula. Legado que Dilma não soube administrar.

Se os tucanos “dizem inverdades” sobre os petistas, ela, na condição de expoente máximo do partido, deveria ao menos citar algumas. Não o fez por quê? As tais “inverdades” atribuídas por ela aos tucanos constituem, se existirem, um esforço inútil, pois basta a verdade para mostrar quem são e o que fazem os petistas. Os presidiários do mensalão, os dossiês falsos, as quebras de sigilo fiscal e bancário ilegais promovidas pelos membros do partido, as campanhas de difamação de adversários que seus agentes na internet e na imprensa financiada pelo Planalto bastam para dar uma noção de sua índole coletiva.

Complementando: “Não creio que em outros momentos do passado outros governos investiram tanto”. Esta é outra afirmação leviana de Dilma em relação ao Paraná. Não basta que ela não creia algo: é preciso que ela se informe sobre o tema. É o mínimo que se espera de uma president@, mesmo que adjunta, que faz apologia da “verdade”.

Todo comentário, a favor ou contra minhas opiniões, é bem-vindo desde que contenha alguma racionalidade (*). Manifestações gestadas no fígado e – em se tratando de “ativistas digitais” de um partido estrelado – no intestino serão desconsideradas.

(*) Observação dirigida aos tais “ativistas”: racionalidade é o uso da razão, o que pressupõe lógica, conhecimento e capacidade de expressão. (Buscar no Google a definição de razão, lógica e expressão.)