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As deformações insanáveis

Boca Maldita: As deformações insanáveis

Fábio Campana

Beto Richa tem sido duramente atacado pela oposição que se vale de denúncias e boatos sem qualquer comprovação. Richa não sofreu nenhuma condenação. Diz sabedoria antiga, a qual logo aderiram os extratos da sociedade movidos pelo ressentimento, que em política o que importa não é o fato, é a versão. A rigor, não há fatos, há versões. A versão do delator, do réu, da testemunha, do promotor público, dos advogados de defesa. Dentre elas, decide o juiz. Nossa política passou a ser assim. Num processo menos ordenado, mais livre e primitivo, todos os políticos dependem da versão que consegue se impor, no momento preciso, aos olhos da maioria, e não aquela que poderia ser a mais fiel ou a mais exata.

Hoje, quando se fala de um político nativo, a primeira pergunta não é sobre o seu potencial de votos. Também não é sobre sua ideologia, seu partido ou seus índices de popularidade. O que se quer saber de imediato é se ele está limpo para a Lava Jato, para o juiz Sergio Moro ou para o Ministério Público em qualquer de suas instâncias. A chance de um candidato é maior ou menor conforme a sua situação nas investigações.

Há mérito no trabalho de combate à corrupção. Mas também há deformações insanáveis. Muitas vezes a condenação pública acontece antes do julgamento final. A maioria dos brasileiros não distingue a denúncia do procurador ou promotor da sentença transitada em julgado. A denúncia vazada por um policial, um promotor ou outro agente interessado, pode condenar o cidadão à morte política. Não custa admitir que a probidade intelectual não é um ingrediente costumeiro, nem em política, nem em assuntos conjugais, nem em qualquer dos outros campos da convivência humana.

Sabem os mestre da informação que o mais importante é garantir que basta que a “versão” transpire e seja interpretada negativamente pelos meios de comunicação para destruir a reputação de um político, pois o que vai decidir tudo, afinal, é a inclinação da maioria do povo. Tanto se comete desta ignomínia que aos olhos da população não há político que não seja suspeito de ter cometido falcatruas e chafurdado na corrupção. E no papel de justiceiros os promotores, policiais e juízes se tornam heróis a combater o dragão da maldade para restaurar a felicidade geral da Nação. Provoca engulhos.

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