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ARBEX PERGUNTA E NASSIF RESPONDE

JOSÉ ARBEX JR. Eu acho que a Veja merece uma caracterização um pouco melhor, mais precisa. Porque, na minha opinião, ela é diferente da Folha e do Estadão. Tem um lugar que a Veja ocupa, que você citou de passagem. Na minha opinião, ela é o veículo propagador do neoconservadorismo no Brasil. Fiquei pensando: com quem a Veja dialoga? A única resposta que eu achei foi George Bush.

Luis Nassif – A Abril não é uma editora ideológica. Quando você pega a Abril, a Folha, o Globo, eles cavalgam movimentos da opinião pública. Se a opinião pública quer um pouco mais à esquerda, eles vão, faz parte do conceito da grande mídia em relação ao ambiente de mercado. Depois das Diretas-Já tinha uma onda mais à esquerda, eles foram. Depois tem uma onda um pouco mais à direita. Tem um conjunto de fenômenos aí que ajuda a explicar essa questão de mais pra direita. Tem de um lado uma classe média que foi massacrada quinze anos; aí tem uma insegurança, porque fi nanceiramente ela começa a cair. É uma classe média ameaçada. De repente você tem uma ascensão da classe D. Isso cria uma dupla insegurança pra classe média, que é a insegurança fi nanceira e insegurança de status. Daí o Lula é eleito. Você tem o deslumbramento inicial do pessoal que chega ao governo, o que vai acentuando a resistência da classe média. Tudo isso dentro de um ambiente em que mundialmente há essa tendência à direitização. E a grande imprensa sempre refletiu esses movimentos lá de fora, sempre foi cópia malfeita desses movimentos. Então já havia uma tendência de ocupar esse espaço mais à direita. Os jornais fazem isso. Daí surge o escândalo do mensalão, eles têm a chance de refletir o que eles acham que era o sentimento de seus leitores contra o governo e derrubar o governo. Nada de conspiração, estamos falando de mercado. Então todos partem pra isso. Doeu meu coração ver a Folha a reboque da Veja, mas ela tinha lá a visão de mercado dela. O Estadão, com mais discrição, como sempre. O Globo, com exceção das intervenções de Ali Kamel, faz um jornalismo um pouco mais sólido. A IstoÉ é aquilo que a gente já conhece. Mas a Veja envereda por um caminho onde entra um profundo amadorismo desse pessoal. Quando eles começam a subir o tom, com aquela agressividade, colocar o presidente da República…

Leia mais na edição desta semana na revista Caros Amigos. A entrevista de Nassif detona a Veja é bombástica.

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