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Apenas uma conta rápida para pensar o aumento da tarifa

Apenas uma conta rápida para pensar o aumento da tarifa

Amanda Audi, Caixa Zero/Gazeta do Povo

Uso transporte coletivo todos os dias. E também gosto de me planejar. Então se em fevereiro do ano passado eu resolvesse organizar uma tabela com os gastos que teria no decorrer do ano, poderia considerar que pelo menos R$ 1.971 seriam gastos com passagens de ônibus. Isso tomando como base o valor gasto com duas viagens por dia, todos os dias da semana. Na época, a tarifa era de R$ 2,70.

Agora, um ano depois, a mesma conta daria R$ 2.409, se considerarmos os R$ 3,30 que serão cobrados de quem não tem cartão. O aumento é de 22%. Em termos práticos, a diferença é de R$ 438. Em termos mais práticos ainda, seriam 162 passagens de ônibus no valor antigo. O mundo não é estático e os preços sobem a cada dia. Isso não está em discussão. Mas a conta ajuda a entender que o reajuste anunciado pela prefeitura, de cerca de 12%, e justificado como reposição da inflação dos últimos dois anos, toma como base a tarifa de R$ 2,85. E não a de R$ 2,70.

Para resumir a história, a tarifa era de R$ 2,85 em 2013. Em junho, por causa da revolta popular, caiu para R$ 2,70. Em novembro do ano passado voltou a R$ 2,85. E agora passa a R$ 3,30 e R$ 3,15 (para quem usa cartão).

(Diga-se de passagem, ainda está muito mal explicado o porquê de penalizar a pessoa que não usa cartão em R$ 0,15 a cada viagem de ônibus.)

O que dá para conjecturar é que esse período em que a tarifa retornou aos R$ 2,70 foi uma anomalia sem tamanho.

Um texto do site da prefeitura de novembro do ano passado, no anúncio da passagem de R$ 2,85, diz que a tarifa foi mantida em R$ 2,70 com esforço do município incluindo “corte de recursos previstos para publicidade da Copa do Mundo, modernização do cartão transporte e a colaboração da Câmara de Vereadores, que abriu mão de R$ 10 milhões”.

Se os gastos com publicidade da Copa e a devolução de dinheiro da Câmara representavam recursos limitados (ou seja, uma hora se esgotariam), a prefeitura deveria imaginar que não conseguiria manter a tarifa mais baixa por muito tempo. Ainda mais em tempos econômicos complicados.

O que motivou aquela redução em 2013, fadada a acabar? Engodo? Populismo? Tentativa de acalmar as ruas para proteger a própria população?

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