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André Vargas: Rose teve papel ‘secundário’

do Josias de Souza

Certos partidos políticos têm a pretensão de preparar os filiados para o exercício do poder. Outros têm a megalomania de preparar o poder para o usufruto dos apaniguados. Por isso é que de vez em quando aparece alguém pra explicar que a corrupção desenfreada não passa de uma anormalidade perfeitamente normal.

Veja-se o caso do deputado André Vargas (PR), secretário nacional de Comunicação do PT. Ele participa nesta sexta-feira de encontro do diretório nacional do partido. De passagem pela boca do palco, disse meia dúzia de palavras sobre o Rosegate. A legenda apoia a Polícia Federal, declarou. Por isso, não convém tirar conclusões antes do término das apurações.

“…Nós também não podemos presumir, como se faz comumente, a culpa absoluta das pessoas”, disse o companheiro. Presunção, só se for a favor: “Está muito nítido, com o que se tem até então, que a própria Rosemary tem papel absolutamente secundário.”

O doutor Vargas acha, de resto, que não se deve responsabilizar outras pessoas pelas ilegalidades “secundárias” que a PF diz que Rosemary cometeu. Para ele, são despropositadas as tentativas de envolver Lula no caso. “Nenhum homem público, nem pessoa que está na atividade pública, é responsável pelo que faz o seu assessor no exercício do mandato…”

Beleza. Rose, uma servidora de terceiro escalão da Presidência da República, indicou um par de amigos para diretorias de agências reguladoras. Lula, um íntimo chefe da influente senhora, nomeou os protegidos dela. Súbito, a PF descobre que os nomeados integravam uma quadrilha companheira.

Contra esse pano de fundo embolorado, o deputado Vargas pede à plateia que veja em Rose uma servidora mequetrefe e que enxergue em Lula um administrador descuidado. A paciência do brasileiro? Fica logo ali, na primeira porta. Mas, atenção. Bate de leve, senão ela ainda acaba ficando furiosa.