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AL APROVA HOMENAGEM A ESTUDANTE DE APUCARANA MORTO PELA DITADURA MILITAR

AL APROVA HOMENAGEM A ESTUDANTE DE APUCARANA MORTO PELA DITADURA MILITAR
 
“Esta homenagem que se presta ao estudante Antônio dos Três Reis de Oliveira, é também uma homenagem que se presta a todos aqueles que lutam contra a tirania, contra a opressão e pela defesa de seus ideais”, informou Pugliesi

A Assembléia Legislativa (AL) aprovou por unanimidade em segunda discussão nesta segunda-feira (26), o projeto de lei nº 41/2008 que denomina de Colégio Estadual Antônio dos Três Reis de Oliveira, a escola modelo que o Governo do Estado está construindo em Apucarana, na região Norte do Paraná. A proposta, do líder do PMDB, deputado Waldyr Pugliesi, é uma homenagem ao estudante de Apucarana morto pela ditadura militar em 10 de maio de 1970 em São Paulo (SP).

“Esta homenagem que se presta ao estudante Antônio dos Três Reis de Oliveira, é também uma homenagem que se presta a todos aqueles que lutam contra a tirania, contra a opressão e pela defesa de seus ideais”, explicou Pugliesi. “É uma homenagem ao inconformismo da juventude, que muitas vezes, ao longo da história do Brasil, vem se levantando para pedir mudanças, para defender um mundo mais justo e fraterno, ainda que isso exija grandes sacrifícios”, completou.

A escola modelo que está sendo construída em Apucarana está localizada na Rua Santa Helena (entre as ruas Luiz Cazangi e São Leopoldo) na Gleba Fazenda Gaúcha, ao lado do Conjunto Habitacional Dom romeu Alberti. A idéia de apresentar um projeto neste sentido foi lançada pelo governador Roberto Requião, durante a campanha eleitoral de 2002, lembra Pugliesi.

“Eu acompanhava o governador Requião que ia de Arapongas para uma reunião política no Sindicato Patronal Rural de Apucarana. Estávamos em quatro, o motorista, Requião, padre Roque Zimmermann e eu”, informou o deputado. Como havia tempo para chegar até o encontro, Pugliesi aproveitou o trajeto para falar com caso envolvendo o estudante.

RESISTÊNCIA – “Propus que déssemos uma parada ma Tribuna do Norte”, explicou. O jornal é dirigido por Baltazar Eustáquio de Oliveira, o Taquinho, irmão de Antônio dos Três Reis de Oliveira. Pugliesi recordou que a revolta dos estudantes de Apucarana teve início porque a ditadura militar ensaiava a privatização do ensino público do país.

“Vendo aí o início da privatização do ensino que sempre pretendemos que fosse universal, público e gratuito, esse menino Oliveira, juntamente com o José Idésio Prianezi e mais 17 companheiros de Apucarana se rebelaram”, contou. Pugliesi informou que ao chegar na redação do jornal, Requião surpreendeu a todos informando que seria eleito governador e a primeira obra que faria em Apucarana era uma escola modelo com o nome do irmão do Taquinho.

CONTEXTO – Antônio dos Três Reis de Oliveira nasceu em 19 de novembro de 1946, na cidade de Tiros (MG), filho de Ageu de Oliveira e Gláucia Maria Abadia de Oliveira. Fez o curso ginasial no Colégio Nilo Cairo. Estudante de Ciências Econômicas na Faculdade de Apucarana era membro da União Paranaense de Estudantes e junto com José Idésio Brianezi, produzia programa para a rádio local.

Inconformado com os rumos dados ao país pelo governo militar, tornou-se militante da Ação Libertadora Nacional (ALN). Foi indiciado no processo 15/68 por sua participação no XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) e no inquérito policial nº 9/72, dos quais foi excluído em decorrência de sua morte. Desapareceu aos 26 anos de idade, em 10 de maio de 1970, em São Paulo.

Segundo denúncia dos presos políticos de São Paulo, em documento datado de março de 1976, Antônio foi metralhado juntamente com Alceri Maria Gomes da Silva, no dia 10 de maio de 1970, em sua residência, no Tatuapé, em São Paulo, por agentes da Operação Bandeirantes (OBAN), chefiado pelo capitão Maurício Lopes de Lima. Em 1991, seu nome foi encontrado no DOPS/PR, numa gaveta com a identificação “Falecidos”.

INDIGENTE – Foi enterrado como indigente no Cemitério de Vila Formosa, São Paulo, no dia 21 de maio de 1970. Seu laudo necroscópico se refere a um único tiro no olho direito e é assinado pelos médicos legistas João Pagenoto e Abeylard Queiróz Orsini. No dia 10 de dezembro de 1991, com a presença de seus familiares, a equipe de técnicos da Unicamp, a Comissão Especial de Investigação das Ossadas de Perus e a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos tentaram a exumação de seus restos mortais, que não foram encontrados.

A quadra onde deveria ser enterrado Antônio e pelo menos outros dois presos políticos da época (Alceri Maria Gomes da Silva e Antônio Raimundo Lucena, este assassinado em Atibaia no dia 20 de fevereiro de 1970), sofreu profundas alterações. Segundo sepultadores, em 1976 houve exumações no momento da alteração da quadra e as ossadas foram jogadas em algum lugar do cemitério.

No relatório do Ministério da Aeronáutica, consta que Antônio “faleceu em 17 de maio de 1970, em Taubaté/SP, quando uma equipe de segurança procurava averiguar a existência de um provável aparelho, o que resultou na sua morte”. Amigo do estudante e também militante da ALN, o estudante José Idésio Brianezi foi assassinado no dia 13 de abril de 1970 por agentes do governo militar.