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Administração: PT chegou a controlar 23% do orçamento de Curitiba

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Secretários filiados ao PT controlaram 23% do orçamento de Curitiba ao longo dos três primeiros anos de gestão de Gustavo Fruet (PDT). A quase totalidade disso se refere ao orçamento da secretaria de Saúde, o maior de toda a administração. Além disso, 30 ocupantes de cargos comissionados na prefeitura são filiados ao partido – 6% do total de comissionados e 13% dos comissionados filiados. O partido decidiu lançar candidatura própria à prefeitura no último sábado.

Vale lembrar, porém, que a maior parte dos recursos foi controlada justamente pelo “menos petista” dos secretários. Além disso, as pastas centrais no planejamento e na definição da alocação de recursos orçamentários, Finanças e Planejamento e Administração, ficaram nas mãos de pessoas sem ligações com o PT – respectivamente, Eleonora Fruet e Fábio Scatolin. As informações são de Chico Marés, na Gazeta do Povo.

Desde o início da gestão Fruet, três cargos de secretário municipal e a presidência da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) foram ocupados por filiados ao PT. Após o “divórcio” entre petistas e pedetistas, apenas Marcos Cordiolli segue na gestão e no partido simultaneamente.

Adriano Massuda, secretário de Saúde, saiu em julho de 2015 para assumir cargo no Ministério da Saúde. Seu substituto, César Titton, não é filiado a nenhum partido. Apesar de sua filiação, ele não era considerado uma indicação do partido. Quando deixou a prefeitura, inclusive, declarou que iria apoiar a reeleição de Fruet mesmo que houvesse uma ruptura entre os dois partidos – o que se confirmou em novembro.

Sua pasta foi a que recebeu mais recursos da prefeitura ao longo desses três anos. De R$ 18,2 bilhões gastos pela prefeitura entre 2013 e 2015, R$ 4 bilhões foram gastos com saúde – o equivalente a 22,3% do total. Isso equivale a 96% do total gerido por secretários do PT.

Se a saída de Massuda não teve relação com o “divórcio” entre Fruet e PT, a de Mirian Gonçalves foi motivada justamente por isso. Ela pediu exoneração do cargo de secretária do Trabalho na última terça-feira (1º), três dias depois do PT anunciar candidatura própria. O orçamento da secretaria era pouco relevante no orçamento global: R$ 32 milhões em três anos, 0,02% do total. Também vice-prefeita, ela disse que a saída foi um gesto de “coerência” pela decisão do PT, mas que mantém uma boa relação com o prefeito.

Já Roseli Izidoro, secretária da Mulher, fez o caminho inverso. Há cerca de um mês, ela deixou o PT e se filiou ao PDT, partido do prefeito. À época, o desembarque do PT era dado como certo nos bastidores, mas ainda não havia sido confirmado. Por ser uma secretaria especial, a pasta não tem orçamento próprio.

Cordiolli

Único a continuar no partido e na prefeitura, Cordiolli diz que, até o momento, não há pressão de qualquer um dos lados e que não há uma “ruptura total”. Para ele, a decisão de abandonar o governo Fruet é uma “perda para o PT”. O presidente da FCC diz que “aderiu politicamente” ao projeto de governo defendido do Fruet, e que apoia sua reeleição independentemente de candidatura própria do seu partido, e que seguirá apoiando esse projeto mesmo que não siga na prefeitura na próxima gestão. “Dentro do quadro de opções políticas que temos, Fruet é a melhor escolha”, diz.

O orçamento da FCC foi de R$ 143 milhões, somados os anos de 2013, 2014 e 2015, cerca de 0,7% do total.

Segundo escalão

Além dos secretários, cerca de 30 filiados ao PT ocupam cargos de comissão na administração municipal. Isso representa 6,3% do total de comissionados, e 13,6% dos comissionados filiados a partidos. Apenas o PDT, com 85 comissionados, tem mais cargos. É possível que o número real seja ligeiramente diferente, uma vez que pode haver homônimos e diferenças de grafia nas listagens do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da prefeitura.