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A terra treme no Guadalupe

manzotti

Poucos minutos antes do meio-dia de um dia qualquer, ele está a postos no Santuário de Nossa Senhora do Guadalupe para celebrar a missa. Não é dia de preceito nem de festa, mas a igreja está cheia. Não há lugar para se sentar e quem chega precisa se acomodar como pode – em pé, nos corredores laterais, recostando-se a uma parede ou pilastra. Aqui e ali, cinegrafistas uniformizados preparam a transmissão. Há três câmeras espalhadas pela nave e mais outra em uma grua, que dará as imagens panorâmicas de todo o Santuário, mergulhando de tempos em tempos entre os fiéis, em busca dos detalhes da religiosidade de cada um.

Na lateral, uma banda completa – guitarra, baixo, bateria, teclado, cantores – está prestes a iniciar o canto de entrada, que o próprio padre conduz logo após a reverência diante do altar. Enquanto a música continua, ele aproveita para os ajustes. Com acenos suaves à equipe, acerta o retorno do microfone, direciona melhor os cinegrafistas. As informações são de Jocelaine Santos, na série Perfil, da Gazeta do Povo.

Tem anos de experiência em rádio e na televisão e sabe muito bem que os detalhes técnicos podem significar o sucesso ou o fracasso de uma transmissão. Todos os dias, as missas do Santuário chegam a milhões de telespectadores, graças à tecnologia.

Quem está na igreja canta junto, mesmo sem a mesma desenvoltura do padre. Em alguns momentos, ele encoraja gestos, acenos dos fiéis, que se envolvem.

Não raro, há aqueles que se emocionam, deixando as lágrimas correr. Outros trazem nas mãos fotos de família, documentos.

Estão em busca de um favor, uma graça, e esperam que aquele sacerdote os ajude.

Ele é padre
Esqueça os mitos e os preconceitos. Não espere ver nesse devoto de Nossa Senhora do Carmo, São Luiz Gonzaga e Santo Antônio um mero artista vestido com alva e casulo. Tampouco queira encaixar em seus 1,90 metro de altura a caricatura do religioso alheio às coisas do mundo, envolto em incensos de santidade. E muito menos a figura do sacerdote condescendente, adepto da religiosidade amena. Não, Reginaldo Manzotti não é nada disso.

Sim, ele é padre. E, sim, canta. Mas de modo algum resume sua atuação a cantar. Mesmo que a música seja um dos aspectos mais conhecidos de Manzotti, é apenas um instrumento. Desde os primeiros anos de sacerdócio, o religioso percebeu o poder da música. Os fiéis, argumenta, sentem-se mais participativos quando conhecem as músicas e cantam durante as celebrações. “O papa Bento XVI, em um de seus livros, fala que a música desperta no ser humano sentimentos que a palavra não consegue tocar. Eu me valho disso”, explica, para em seguida enfatizar o cuidado que tem com a liturgia.

Foto: Daniel Castellano

AQUI para ler mais sobre o perfil de Reginaldo Manzotti e assistir o vídeo do lado B do padre

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