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A má fé da APP

Editorial

Quem acompanha a movimentação selvagem dos professores da rede estadual do Paraná, com invasões à Assembleia, confrontos com a Polícia Militar, queima de bandeiras do Paraná e do Brasil, pode imaginar que nossos mestres e os demais servidores do Estado são vítimas de um tratamento desumano por parte do governo do estado.

Nada mais falso. Nos últimos quatro anos o aumento médio dos funcionários estaduais foi de 63,6%. A inflação no período foi de 26,7%. Os reajustes, progressões e novas contratações implicaram em um aumento no investimento anual com o funcionalismo de R$ 10 bilhões em 2010 para R$ 17,5 bilhões em 2015.

Na verdade, parte significativa do desequilíbrio financeiro que afeta as finanças do Paraná se deve justamente as políticas de valorização do funcionalismo implantadas em 2011. Elas produziram aumento substancial de despesas em um período em que a economia brasileira, por conta dos erros cometidos pelo governo Dilma Rousseff, foi desacelerando até entrar em um processo recessivo.

Nos últimos quatro anos, das 42 categorias do funcionalismo do Paraná, 34 receberam reajustes salariais acima da inflação. O governo procurou responder as dificuldades financeiras sem sacrificar os servidores. Em 25 de fevereiro de 2014, Beto Richa determinou o congelamento do próprio salário e dos secretários por dois anos.

Enquanto isso, servidores da saúde, educação e segurança, os setores prioritários do governo, tiveram aumentos salariais expressivos. O salário base de um professor que ingressou no magistério em 2010 era de R$ 2.001,78. Em 2014, com reajuste de 59,59%, o salário inicial chegou a R$ 3.194,71. Aumento real de 32,9% em quatro anos.

As perspectivas de carreira de um professor da rede estadual no Paraná são, hoje, extraordinariamente melhores do que já foram. Quem admite essa realidade é a ex-presidente da APP Sindicato, Marlei Fernandes (https://www.youtube.com/watch?v=FTcc8kEjyYo) e líder da greve. Ela mostra que um professor da rede estadual pode se aposentar com até R$ 12 mil, o triplo do teto do INSS.

Os professores tem direito a aposentadoria especial (25 anos para mulheres e 30 anos para homens). Professores da rede estadual, como Marlei, levam para aposentadoria o salário integral.

São privilégios que pouquíssimos brasileiros podem sequer sonhar. A maioria está condenada a viver com aposentadoria de um salário mínimo ou, na melhor das hipóteses, com uma renda sempre inferior aquela que recebia quando trabalhava.

Como explicar, então, o radicalismo e a intransigência dos professores da rede estadual do Paraná, que estão sacrificando o ano letivo em um grevismo interminável?

Uma pista pode ser encontrada no fato de paralisações semelhantes estarem se verificando em diversos estados governados pelo PSDB e no fato que mobilizações grevistas, especialmente quando resultam em violência e confrontos com a polícia servem para tirar o foco do governo federal atolado no maior escândalo de corrupção da história.

O editorial do jornal O Estado de S. Paulo desta sexta-feira, 15, resume a situação: “Atualmente, existem 29 sindicatos que representam servidores públicos estaduais ligados à educação e a maioria é controlada pelo PT e pelo PCdoB – os demais estão sob comando de pequenos partidos da extrema esquerda, como o PSOL. Isso ajuda a entender por que os Estados onde os professores se encontram mais mobilizados e apresentam as reivindicações mais absurdas são os de São Paulo e do Paraná, cujos governadores pertencem ao PSDB”.

Entidade a serviço do PT, a APP Sindicato tem conduzido esse confronto com o governo com indisfarçável má fé. Neste ano os professores estão fechando 50 dias de greve no domingo, 17. A primeira greve de 2015 iniciou juntamente com as aulas e durou 29 dias.

A segunda, iniciada em fins de abril, foi decretada sem objeto definido e antes da categoria sequer realizar uma assembleia para deliberar sobre a paralisação. O objetivo do movimento é o confronto político e toda essa má fé nada tem a ver com os reais interesses da categoria.