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A Cultura Popular e a educação no combate a violência

A Cultura Popular e a educação no combate a violência

(*) Hasiel Pereira

“um povo sem identidade própria é um povo sem cultura,facílimo de ser dominado” – Elton Medeiros

O Brasil rompe o século XXI experimentando o que há de mais perverso no processo civilizatório de uma Nação: a formação de uma sociedade de espetáculo.

Neste processo, o coletivo dá lugar ao individualismo exacerbado, ao consumo desenfreado, a solidariedade vira piada de botequim, a ética se transforma em sinônimo de esperteza e a cultura popular é carimbada por estereótipos.

O que passa a valer são as aparências, os truques, as artimanhas, a imbecilidade que incrementam aquilo que o grande “show” proporciona para esta sociedade de espetáculo.

Atônita a sociedade modernista não percebe que está sendo gerado nas suas entranhas um monstro: a violência generalizada. E tudo que é amoral, criminoso, condenável, se torna absolutamente normal, indicando com muita clareza o fim de um ciclo onde o capitalismo está moribundo Já não há mais referências de valores éticos, morais e culturais !

As principais vítimas deste processo são os jovens. Sem norte, sem perspectiva, sem valores humanos, éticos, morais e culturais, se enveredam pelo caminho das drogas, lugar onde se cruzam o hospital psiquiátrico, a cadeia pública e o cemitério.

Este último sendo o principal endereço desta juventude que é formada pelos filhos da sociedade alienada que vem ajudando na disseminação da droga mortal chamada “crack”.

Droga que apareceu na periferia das grandes cidades, ganhou espaço na classe média e hoje invade escolas públicas e universidades. Uma situação de epidemia, de calamidade pública, que exige uma intervenção urgente por parte das autoridades constituídas.

Não basta a repressão policial. O Estado precisa implementar um conjunto de ações socioculturais que possa interferir na orientação e na formação dos pais e jovens. A escola e a comunidade nas periferias são ambientes propícios para acolher estas políticas públicas.

O que se vislumbra são ações pedagógicas, estímulos do exercício da cidadania, com diálogo e troca de experiência tendo como base fundamental a cultura brasileira nos seus múltiplos e ricos aspectos. Mesmo sendo um país de colonização portuguesa, outros grupos étnicos deixaram influências profundas na cultura nacional, destacando-se os povos italianos, poloneses, japoneses, alemães, indígenas e africanos.

Como ignorar a presença vibrante e vital da cultura afro e indígena na formação dos valores nacionais? Temos orgulho destas raízes, origens, heranças? Como? Sem as conhecermos? Como, se nos foi historicamente negado conhecer, e negado aos povos de origem indígena e africana, o direito de conhecer a si mesmos e as suas referências em prol de uma identidade imposta?

As influências indígenas e africanas deixaram muitas marcas, as mais conhecidas no âmbito da música, da culinária, do folclore, do artesanato, dos caracteres emocionais e das festas populares do Brasil, além de agregar parte do seu repertório linguístico à língua portuguesa. Mas há ainda os valores éticos, sociais e políticos, as matemáticas, as literaturas, as mitologias, as ciências, as técnicas agrícolas, as suas epistemologias e filosofias, etc.

Com a lei 10.639/03 – que determina o ensino das culturas afro nas escolas – viabiliza – se uma ferramenta que possibilita à escola o acesso e a prática da cultura brasileira em suas vertentes de maior vitalidade: as populares. A começar pelas casas dos cidadãos, passando pelas ruas, praças, entrando nas escolas, nos municípios, nos estados e, finalmente, atingindo todo o país.

Para além da normalidade dos espetáculos, tornar normal a presença contagiante da sabedoria cultural herdada de nossos antepassados e amadurecida no caldeirão cultural criado pela colonização. Para que o coletivo se veja e a juventude encontre sentido em referências culturais, éticas, em opções mais positivas e viáveis do que o prazer imediato e espetacular proporcionado pela droga.

Cabe, portanto, ao município (com suporte do Estado) que está mais perto da cidadania, iniciar este processo de resgate dos valores e práticas culturais, envolvendo a família, o jovem, a comunidade para que a própria sociedade seja a única beneficiada com estas ações que se fazem urgentes. É a paz social e a ética construída através da cultura popular e da prática cidadã.

Onde estão as entidades estudantis? UNE, UBES, UPES? na clandestinidade no período ditatorial, estas entidades existiam de fato e de direito!

É preciso resgatar as experiências que ocorreram em nosso país e no mundo na década de 60 exemplos como; os grupos de teatros da UNE, os Festivais de Musicas Popular Brasileiras, feitos pela TV Record, as passeatas, os debates e seminários produzidos no seio do movimento estudantil discutindo a realidade politica social , cuja a consequência produzia nos jovens um rumo, um norte, uma vontade de crescer de ampliar seus conhecimentos ,melhorar sua cultura

e de modificar a realidade sócio econômica pagamos um preço alto, cadeias ,torturas, mortes,exílio mas não perdemos a vontade de lutar por uma sociedade mais justa!!!

“Não devemos ser nacionalistas apenas em época de copa do mundo”. Mudaram toda a sua estrutura te impuseram outra cultura e você nem percebeu! Nelson Sargento, poeta e sambista da Mangueira

http://hasielpereira.blogspot.com[email protected]

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