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A construção do pacto pelo emprego

desempregados

Fernando Nandé

Feliz é essa nossa nova geração que ainda não sentiu na pele o efeito do desemprego e todos os seus horrores. Nos meados da década de 1980, em Curitiba, chegamos ao ponto de montar bancas em praças para arrecadar vale-transporte para distribuir à massa de desempregados. Com governos fracos, cheio de planos econômicos ineficientes, parte considerável da população brasileira amargou por anos, até mesmo na fome ou na absoluta miséria, os efeitos de uma política equivocada, que privilegiava ganhos de capital e banqueiros, onerando a produção, com sérias consequências na inflação e nível de emprego. Infelizmente, voltamos a ver o mesmo filme em âmbito nacional. Como sempre, na época das vacas gordas, o governo gastou muito e mal. Agora, começamos a pagar a conta e pelo que as estatísticas dizem, será por um longo tempo.

A taxa de desemprego subiu nos últimos três meses até abril deste ano e chegou a 8%, segundo dados divulgados nesta terça-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo trimestre de 2014, o índice foi de 7,1%, no trimestre encerrado em janeiro deste ano, em 6,8%, e nos primeiros três meses de 2015, em 7,9%. É a maior taxa para o trimestre desde o início da pesquisa, em 2012.No trimestre encerrado em abril, havia 8 milhões de pessoas desocupadas. E olha que o IBGE só pesquisa alguma regiões metropolitanas e não todas as cidades brasileiras.

O que assusta é o viés de alta do desemprego demonstrado em qualquer gráfico que se analise. Por isso, temos que tomar atitudes urgentes para combatê-lo. O governo, as entidades de classe, patrões e empregados, devem providenciar de maneira célere uma pauta de ação para não deixar o problema avançar ainda mais. Seria a reedição do velho pacto social, sempre tentado, mas nunca obtido na prática em nosso país, porém necessário, pois sabemos dos efeitos nocivos para a sociedade de uma economia tragada pela inflação, altos impostos e sem incentivos para a manutenção e criação de novos postos de trabalho.

O Paraná começa a construir o pacto pelo emprego

Nesse sentido, preservação e criação de empregos, creio que o Paraná sai na frente do próprio governo federal e outras unidades federativas, mas sem ainda a presença das entidades dos trabalhadores. No mesmo dia em que o IBGE anunciava o desemprego recorde, o secretário do Planejamento, Silvio Barros, os deputados Marcio Pauliki e Elio Rusch (da Comissão de Indústria e Comércio da Assembleia) e os presidentes Edson Campagnolo (Fiep), Guido Bresolin (Faciap), Antônio Espolador (ACP) debateram a proposta de manutenção dos empregos no Estado, chamado “Pacto pelo Emprego”.

De acordo com Marcio Pauliki, o objetivo dessa proposta é preservar a maior quantidade possível de empregos no Paraná. “Isso é algo que nos preocupa muito e precisamos nos unir para buscar uma solução”, afirmou. O aumento do desemprego é consequência da atual crise econômica que vive o país.

Silvio Barros ressaltou que todo o esforço que o governo vem fazendo no sentido de equilibrar as contas é impulsionar a economia. “Temos que pensar em ações ou um programa que incentive as empresas a contratar. Precisamos construir uma proposta que seja viável para o atual momento econômico”.

Foram elencadas algumas propostas que deverão ser apresentadas ao governador Beto Richa, depois de analisadas pelo secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa. Tarefas foram distribuídas entre os participantes e uma segunda reunião técnica deve ocorrer na próxima semana. Campagnolo destacou que com a retração do consumo, as empresas acabam perdendo receita e não tem outra opção senão demitir. “Temos que pensar em algumas ações possíveis para que isso não ocorra”. Antonio Espolador disse que com o desaquecimento da economia e uma arrecadação menor, o país e o Estado estão vivendo uma fase difícil, “mas não podemos ficar parados temos que pensar em soluções de médio e longo
prazo”.

O momento é grave e temos que deixar todas as diferenças de lado para lutar não mais em nomes de grupos, mas pensando nos 11 milhões de paranaenses. Caso contrário, todos sofrem, a indústria por não produzir, o agronegócio por não avançar, o comércio por não vender, o governo por não arrecadar e o trabalhador por não ter emprego.