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Só 3% do dinheiro rastreado como fruto de corrupção retornou ao Brasil

 

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Rios de dinheiro já saíram do país ilegalmente em casos de corrupção. Mas o que foi recuperado até agora mal daria para encher uma piscina olímpica. Um levantamento feito pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça, mostra que do 1,2 bilhão de reais comprovadamente enviados ao exterior por criminosos, apenas 45 milhões retornaram ao país. Isso representa pouco mais de 3% do que foi desviado por organizações criminosas nos últimos dez anos.

Entre os recursos recuperados e os que ainda dependem de decisões judiciais para retornarem ao país estão valores referentes a casos famosos no Brasil: o desvio de dinheiro que seria usado para a construção do Tribunal Regional de Trabalho de São Paulo (Caso Lalau), desvios da prefeitura paulistana (pelo ex-prefeito Paulo Maluf), do banco Santos, do banco Banestado, do banco Opportunity e do propinoduto criado por agentes tributários do Rio de Janeiro.

No caso de Maluf, por exemplo, parte dos recursos demorou mais de uma década para retornar ao Brasil e ainda faltam 85% do valor autorizado pela Justiça. Já no caso Banestado, a estimativa é que cerca de 60 bilhões de reais tenham sido desviados. Só 5,1 milhões foram repatriados e há 33,2 milhões de reais bloqueados em contas internacionais. Ou seja, a demora é uma constante nessa seara e os valores não atingem o montante total desviado porque nem tudo é possível de rastrear.

“A grande maioria dos processos ainda não terminou e para repatriar o dinheiro é necessário ter uma sentença definitiva, transitada em julgado. E isso não é culpa da Justiça, da Polícia ou do Ministério Público, mas do nosso processo penal, que é demorado mesmo”, explicou o delegado Ricardo Saadi, diretor do DRCI.

Nesse cenário é possível que os 10 ou 20 bilhões de reais desviados pelo escândalo da Petrobras levem mais uma década para retornarem ao país. O que pode agilizar o repatriamento dos recursos é quando os criminosos confessos, como o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, assinam acordos se comprometendo a entregar determinada quantia. No caso de Costa, como parte de sua delação premiada, ele concordou em devolver cerca de 70 milhões de reais que teria recebido de empreiteiras e doleiros envolvidos no esquema criminoso. ( do El País)