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PF indicia sete por crime eleitoral contra Rangel

Jornal da Manhã

Após um ano de investigações, a Polícia Federal indiciou sete pessoas no inquérito que apura prática de crime eleitoral envolvendo a divulgação do jornal “Chegou a Hora da Verdade”, às vésperas da eleição de 2012 com ataques ao prefeito Marcelo Rangel (PPS). Foram indiciados Luciano Otávio de Araújo Carneiro (Tavinho Luck), Mauro César Teixeira (Mauro Balada), Jair Leite, Maurício de Oliveira, Florisvaldo de Paula Carrascozo, Lúcio Mauro Tebecherani e Averaldo Pereira.

O relatório do delegado Antônio Marcos Bassani seguiu ao Ministério Público Eleitoral. O fato que gerou as investigações ocorreu entre a noite de 4 de outubro madrugada do dia 5 – ou seja, às vésperas do primeiro turno das eleições realizadas em 7 de outubro. O ‘jornal panfleto’ trouxe fotos e matérias que reuniam uma série de acusações envolvendo Rangel e diversas outras figuras de seu grupo político.

Dentre elas, o governador Beto Richa, o deputado federal Sandro Alex, o então reitor da UEPG, João Carlos Gomes, o deputado estadual Plauto Miró Guimarães, o candidato a vice-prefeito Doutor Zeca, o então secretário de Segurança Pública do Paraná, Reinaldo de Almeida César; e o então secretário estadual de Planejamento, Cássio Taniguchi. A partir de uma denúncia, na madrugada de 5 de outubro, a Polícia Federal apreendeu 300 exemplares do ‘jornal panfleto’.

O material encontrava-se acondicionado no baú da motocicleta de Averaldo Pereira da Silva, na época autuado por crime eleitoral em termo circunstanciado e agora um dos indiciados no inquérito. Foi a partir de Averaldo que teve início toda a investigação. Constava no jornal que o material teria sido impresso na gráfica M. de Oliveira Acabamentos Gráficos, de propriedade de Maurício de Oliveira, com tiragem de 4 mil exemplares e responsabilidade da então candidata à vereadora Maria Aparecida Aliberti Carrascozo.

A gráfica chegou inclusive a emitir notas fiscais pela prestação do serviço. A Polícia Federal concluiu, entretanto, que a impressão do jornal foi feita pela gráfica Ajir Artes Gráficas e Editora Limitada, de Curitiba, e de propriedade de Jair Leite. Segundo a PF, a Ajir produziu pelo menos 8 mil exemplares do panfleto.

Somente com Lúcio Mauro Tebecherani, um dos motofretistas envolvidos na distribuição, foram apreendidos 300 jornais. Mas, ao todo, 25 motofretistas teriam participado da operação, cada um recebendo a mesma quantidade de exemplares para entrega. De acordo com a PF, a falsa informação de que o jornal teria sido feito por outra gráfica, teria por objetivo ocultar a responsabilidade de Jair Leite e evitar a ligação com Tavinho e Mauro Teixeira. O relatório do inquérito aponta que esses dois seriam os responsáveis pela contratação da produção do ‘jornal panfleto’, e não a candidata à vereadora Maria Aparecida Carrascozo. A Gráfica Ajir seria a mesma que há mais de cinco anos imprime a Revista Fix de propriedade de Mauro e responsabilidade jornalística de Tavinho.

A PF concluiu, também, que Tavinho e Mauro tinham o objetivo de tumultuar o processo eleitoral. O relatório registra ainda “a existência de pública ligação entre os indiciados e Marcio Adriano Pauliki”, à época candidato a prefeito e opositor de Rangel. Cita o documento: “embora não se possa presumir que referida circunstância indique a sua participação nos fatos investigados, pode-se concluir que as condutas dos indiciados tinham também por objetivo favorecê-lo, mesmo que eventualmente sem sua ciência”.

O delegado Antônio Marcos Bassani cita, ainda, ao final do relatório que, ”não fosse pela estabilidade temporal, requisito do artigo 288 do Código Penal, ausente nos crimes eleitorais, pois praticados somente durante os períodos eleitorais, a autuação dos indiciados Luciano Otávio de Araújo Carneiro, Mauro César Teixeira, Jair Leite, Florisvaldo de Paula Carrascozo e Lúcio Mauro Tebecherani, certamente importaria em formação de quadrilha ou bando, pois mediante dolo associaram-se para o fim de cometer crimes”. O inquérito segue, agora, para a apreciação do juízo eleitoral da 198º Zona Eleitoral de Ponta Grossa para que decida no que couber, depois de ouvido o Ministério Público Eleitoral.

O prefeito Marcelo Rangel, autor da denúncia que resultou no inquérito da PF, disse ontem que pretende a partir do relatório final das investigações, mover ação criminal contra as apontados como responsáveis pela produção e divulgação do ‘jornal panfleto’ que o atacou durante a campanha eleitoral. A mesma postura deve ser adotada por outras figuras políticas atacadas pelo impresso.

Em passagem ontem em São João do Triunfo, onde estava acompanhado de Marcelo Rangel, o governador Beto Richa, ao saber do relatório final da PF, anunciou que imediatamente acionará os seus advogados para que ingressem com a ação criminal contra aqueles que o atacaram.

O deputado federal Sandro Alex, deputado estadual Plauto Miró Guimarães, o vice-prefeito Doutor Zeca, também confirmaram a intenção de acionar a Justiça no intuito de apurar eventuais crimes cometidos contra eles por conta da divulgação do ‘jornal panfleto Chegou a Hora da Verdade’.