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Mais um show de horrores no circo comandado pelo Pastor Marco Feliciano

feliciano

do blog do Skora, o Polaco Doido

Alguns deputados da bancada evangélica e do PSC (Partido Social Cristão), antes de abrir a boca ou sugerir novos projetos de lei, deveriam voltar para escola, estudar um pouco dos conceitos da democracia e também, dos regulamentos que regem a legislação e a participação popular dentro do processo democrático.

Talvez fosse uma boa idéia se as casas legislativas fornecessem cursos de formação política para todos os representantes eleitos. Quem sabe assim, não veríamos tantos absurdos propostos por estes nobres deputados.

Na última quarta feira, dia 20, aproveitando-se do feriado em vários municípios do país, deputados liderados pelo Pastor neo-pentecostal, Marco Feliciano (PSC-SP) líder da CDHM da Câmara, nos presentearam com mais um festival de aberrações legislativas.

Não sei se por pura ignorância dos processos, por simples cegueira comum aos extremistas religiosos ou se foi mesmo só para aparecer, só para ver seus nomes impressos nas folhas dos jornais e nos blogs espalhados por aí.

Vai vendo:

O deputado Arolde de Oliveira (PSD-RJ) recebeu o apoio da Comissão de Direitos Humanos e Minorias no Projeto de Decreto Legislativo 871/13, de sua autoria, que pretende anular a Resolução 175/13 do CNJ que obriga os cartórios a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Os nobres deputados evangélicos, também colocaram para discussão em plenário o Projeto de Lei 6297/05 do ex-deputado Maurício Rands (PE) e aos cuidados do deputado Pastor Eurico (PSB-PE). O projeto pretende extirpar os direitos previdenciários de parceiros homossexuais que gozem de união estável.

Para encerrar seu show de horrores da última quarta feira, a comissão deu seu parecer favorável ao Projeto de Decreto Legislativo 232/11 de autoria do paranaense André Zacharow (PMDB), que propõe uma consulta popular, um plebiscito para saber se a população brasileira é contra ou a favor a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

Evidente também que todas estas propostas não passam de pirotecnia. É improvável que elas avancem para além da Comissão de Direitos Humanos e Minorias e, caso isso aconteça, todas serão barradas pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Ao fim e ao cabo, a reunião da ultima quarta na CDHM, serviu apenas para torrar inutilmente o tempo e o dinheiro público e também para torrar nosso saco com estas idéias absurdas que tentam cercear os direitos já adquiridos por toda a comunidade LGBT.

A bancada evangélica e em especial o PSC, vêm fazendo nesta legislatura uma verdadeira cruzada anti-gay e, não fossem os outros parlamentares, juízes e a própria legislação estabelecida, é bem provável que nem teríamos mais uma comunidade gay no território nacional. Estariam todos eles ou escondidos dentro de seus armários, ou reclusos em campos de concentração ou, quem sabe, apodrecendo nas câmaras de gás.

Isso é o exemplo do amor cristão?

Daí, toda vez que converso com algum amigo evangélico, sempre aparece o assunto de que a comunidade evangélica é perseguida pelo estado e pelos não crentes.

Onde? Onde no Brasil os evangélicos sofrem qualquer tipo de perseguição ou cerceamento de direitos adquiridos?

Fazem-se de vítimas para com isso ganhar mais musculatura para atacar seus inimigos declarados, a comunidade LGBT.

Ora, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, deveria pelo menos em tese, tratar de assuntos referentes aos direitos humanos e das causas das minorias sem representatividade na Câmara. Porém, desde que Feliciano assumiu o comando da pasta, tudo o que fazem é procurar maneiras de atacar e restringir os poucos direitos já conquistados pela comunidade LGBT.

Veja, por exemplo, a proposta de se fazer um plebiscito a respeito do casamento gay.

Na justificativa para o projeto, seu autor, André Zacharow escreveu:

“A consulta popular é a única forma de acalmar os ânimos. Todos deverão se curvar a vontade nacional a ser expressa no resultado do plebiscito”

Zacharow não é burro, mas deve ter faltado ou levado pau nas aulas de democracia representativa e cidadania.

Democracia representativa não é sinônimo de “Ditadura da Maioria”. Nela, todos os mais diversos segmentos da sociedade são representados por seus representantes eleitos e estes representantes, através da arte política da negociação, tentam entrar em acordo para que todos os conflitos e necessidades sejam resolvidos de forma harmoniosa e pacífica.

Tudo bem que existem conflitos constitucionais no que se refere a união civil de pessoas do mesmo sexo, mas o caminho para resolver estes conflitos é jurídico e constitucional, quem pode alterar as leis e a constituição são o parlamentares. Por que não param de mi-mi-mi anti-gay e frescura e executam o trabalho para o qual foram eleitos?

Pois bem. Estatisticamente, cerca de 15 a 18% da população é homossexual. Ao se propor este tipo de plebiscito, o deputado Zacharow está sugerindo que os outros 85 ou 82% da população decida os destinos de uma minoria de Brasileiros. Isso, no meu dicionário, não é democrático. Pelo contrário, é ditatorial. Nem precisaria de plebiscito, aprova logo a lei e pronto, quase ninguém vai chiar!

Mas vamos fazer uma analogia:

Suponhamos que este Polaco Doido que aqui escreve, por uma brincadeira do destino, de repente tornou-se Deputado Federal.

De posse de seu mandato, o Polaco Doido para alegrar seu eleitorado e conquistar novos fãs, resolve fazer um plebiscito perguntando aos eleitores se eles desejam ter seis meses de férias remuneradas anuais mais a triplicação de seus salários.

Imagine. Seis meses de férias por ano mais a triplicação dos salários. Que maravilha!

A grande maioria da população é assalariada e esta proposta seria aprovada por mais de 80% do eleitorado.

Mas e depois. Quem iria produzir para sustentar os salários e as férias de seis meses da mão de obra assalariada brasileira? Nenhum empregador suportaria esta pressão, todos iriam a bancarrota e o país viraria um caos.

Por mais absurdo que pareça, é exatamente isso que o plebiscito pretende fazer. Ou seja, uma maioria decidindo assuntos do interesse de uma minoria quase indefesa.

Não dá, não é?

Sem pretender ofender a ninguém, ouso dizer que a bancada evangélica é o que existe de mais inútil no congresso nacional. Só apresentam propostas irrelevantes ou que dizem respeito somente as facilidades e benesses para suas igrejas e pastores extremistas.

A população evangélica no Brasil cresce mais a cada dia e, em breve, a bancada evangélica será ampla maioria na Câmara e no Senado. Muito antes disso, é bem provável que tenhamos nosso primeiro Presidente da República representante das igrejas neo-pentecostais.

O mínimo que os líderes evangélicos tinham que fazer, era colocar seus pastores e fieis pretendentes a cargos eletivos em cursos de formação política e cidadania. Se não, quando os evangélicos finalmente atingirem seu objetivo de comandar esta nação, vão por tudo a perder. Nos tornaremos uma nação extremista e intolerante nos mesmos moldes das mais extremistas e intolerantes ditaduras do oriente médio e isso não seria bom para ninguém, nem mesmo para a própria comunidade neo-pentecostal.

Tolerância e bom senso não fazem mal a ninguém.