Arquivos

Categorias

Consciência Negra não tem preço, diz Rasca Rodrigues

O deputado estadual Rasca Rodrigues (PV) defendeu, nesta quarta-feira (20), o projeto da Câmara Municipal de Curitiba que estabelece o dia 20 de novembro como feriado municipal do Dia da Consciência Negra e que foi suspenso por decisão judicial liminar a pedido da Associação Comercial do Paraná (ACP) e do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon).

“Consciência não tem preço. Esta questão é mais importante que uma simples questão econômica. Trata-se de reconhecer a história desta tragédia negra no Brasil que foi a escravidão.” As duas entidades dizem que o feriado provocaria um prejuízo de R$ 160 milhões ao comércio de Curitiba.

Rasca disse que a Assembleia Legislativa deveria se solidarizar com a Câmara de Curitiba no caso da lei do Dia da Consciência Negra aprovado pelos vereadores. “Não é possível que uma lei legítima seja contestada com argumentos atrasados, como se só as questões econômicas devessem ter atenção da cidadania. O Dia da Consciência Negra é uma data nacional e feriado em mais de 1,4 mil municípios no Brasil”, declarou Rasca.

CONTA FAJUTA – “Mesmo este argumento financeiro, o do prejuízo de R$ 160 milhões, não passa de um artifício matemático, de uma conta fajuta. Simplesmente dividiram o PIB de Curitiba pelos dias úteis do ano”, afirmou Rasca. “Além de tudo, esqueceram que são as datas comemorativas comerciais, dias das mães, dos pais, por exemplo, que alavancam as vendas no geral. Nos dias normais o movimento é muito menor, mas muito menor que os tais R$ 160 milhões propalados”.

Rasca também rebateu o argumento de que se cria um feriado para os negros deveria-se criar um para as outras etnias. “Os italianos, os alemães, os polacos e os espanhóis, que é a minha ascendência, vieram por livre iniciativa, mesmo que motivados pela crise, em busca de novas oportunidades. Os negros não. Vieram amarrados, arrastados e acorrentados”, disse. O deputado lembrou que o Censo revela que 27% população de Curitiba se declara negra e que no Brasil são 44,2%.

NÃO TEM PREÇO – Rasca reforçou o argumento de que o feriado é importante e que o argumento econômico não é relevante. “Consciência não tem preço e a ACP quer colocar preço. O feriado é uma forma de chamar a atenção para a situação daqueles que sofreram com o trabalho escravo. O feriado é uma forma de aumentar a autoestima do povo negro”, destacou. “Também não é possível que 125 anos depois da Abolição ainda escutemos os mesmos argumentos daqueles que defendiam a escravidão e que diziam que a abolição iria custar muito caro, que a economia iria falir e etc. E a ACP deveria respeitar a memória do seu fundador Barão do Cerro Azul, que era abolicionista”.