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Assassinato de índio guarani, no Oeste do PR, revolta entidades do movimento de defesa dos povos indígenas

indigena

Um violento assassinato de um indígena guarani, na última semana, revoltou as entidades de defesa dos povos indígenas do Oeste do Paraná. Bernardino Dávila voltava de um jogo de futebol que aconteceu em outra aldeia, quando passou um carro prata com três pessoas dentro realizando vários disparos contra o grupo. Bernardino foi alvejado tr6es vezes e uma das crianças acabou atingida de raspão na cabeça, no braço e na perna.

De acordo com nota distribuída por um coletivo de entidades ligadas ao Movimento em Defesa dos Povos Indígenas Região oeste – Paraná, o crime é resultado da tensão entre os indígenas e produtores do agronegócio na região. Segundo a manifestação, o clima ficou tenso depois que a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), suspendeu as demarcações de terras em todo país.

“Gleisi Hoffmann, não se permita sujar as mãos com o sangue dos inocentes que buscam viver em harmonia com a natureza!”, diz a nota.

Clique no (mais…) e leia a íntegra da nota e as entidades que a assinam, divulgada originalmente na Rede Megafone:

Índio Guarani é assassinado no Oeste do Paraná

Bernardino Dávila, Presente!
Somos todos Guarani!

Mesmo que a história oficial omita que o processo de colonização do oeste do Paraná deu-se a partir do derramamento de sangue indígena, este fato concreto ocorreu desde o momento das reduções jesuíticas, e se intensificou nas fases posteriores.

Para além da história que não nos é contada, somente nos últimos dez anos ocorreram 560 assassinatos e 206 casos de suicídio de indígenas no Brasil (dados do Conselho Indigenista Missionário– CIMI). Apesar dos índices serem alarmantes, estes dados refletem apenas parte da triste realidade vivenciada cotidianamente pelos povos indígenas na sua luta pelas condições de sobrevivência.

Atualmente, a maior reivindicação nacional dos povos indígenas é a demarcação das terras tradicionais, sendo que para eles o território assume uma conotação cosmológica, que garante tanto a reprodução material, bem como a simbólica. Ou seja, não existe cultura e vida indígena sem a garantia da territorialidade.

Porém, isso tem sido dificultado principalmente pelo projeto agroexportador, que incentiva a produção desenfreada em busca de lucro, tratando a terra como um mero negócio, sem se preocupar com a natureza e com os povos que dependem dela para coexistir.

Para piorar, o Governo Federal, representado pela Ministra Gleisi Hoffmann (PT), suspendeu o processo de demarcação de terras e desenvolve uma política de enfraquecimento da FUNAI, além de buscar fortalecer as posições de órgãos claramente comprometidos com o agronegócio e os ruralistas.

Dado esse impasse, na região oeste do Paraná tem sido realizada uma campanha de disseminação de ódio e mobilização contrária aos povos indígenas, incentivada pelos defensores das oligarquias locais e as organizações ruralistas. Inclusive boa parte dos deputados da região já se colocaram contrários à demarcação de terras.

Como resultado desses conflitos e a perda de territórios, a taxa de suicídio entre os guaranis é 34 vezes maior que a média nacional. E na região oeste do Paraná isso é acompanhado pelos casos de suicídio ocorridos em Guaíra. O que mais assusta é que, durante uma campanha de conscientização sobre as causas indígenas que realizamos neste ano, deparamo-nos até com crianças nas escolas falando que “índio bom é índio morto”.

E, na semana passada, o guarani Bernardino Dávila foi assassinado. Na volta de um jogo de futebol que ocorria em outra aldeia, um carro prata com três pessoas dentro passou disparando várias vezes, atingindo Bernardino com três tiros, além de uma das crianças que o acompanhava ter sido atingida de raspão na cabeça, no braço e na perna. Esse fato ocorreu no centro da cidade. Em visita às aldeias Tekohá Y’Hovy e Tekohá Mirim, as lideranças nos informaram que várias ameaças já ocorreram desde o início do ano como forma de intimidar os indígenas.

No entanto, a mídia local fez pouco caso da situação e a trata como se fosse resultado de uma briga de bar. Para nós, esse não é um caso isolado e merece uma profunda investigação. Não podemos descartar a possibilidade de ter ocorrido em função do conflito anunciado na região.

Diante desta atrocidade cometida contra a vida Guarani, vimos manifestar nosso repúdio e prestar nossa solidariedade. Os povos Guarani, que sempre estiveram presentes na região do Guairá (margens do Rio Paraná), resistindo às atrocidades cometidas pelo “homem civilizado”, mantém firmes a sua luta. E nós pretendemos fortalecer esse movimento.

Solicitamos publicamente uma rápida investigação para encontrar os assassinos e os possíveis mandantes do crime e a subseqüente punição.

Para resolução do conflito, é necessária a retomada dos estudos para a demarcação. É preciso defender a vida acima do lucro!

GLEISI HOFFMANN, NÃO SE PERMITA SUJAR AS MÃOS COM O SANGUE DOS INOCENTES QUE BUSCAM VIVER EM HARMONIA COM A NATUREZA!

SOMOS TODOS GUARANI!

BERNARDINO DÁVILA, PRESENTE!

BASTA ÀS MORTES DE INDÍGENAS:

PELA DEMARCAÇÃO DAS TERRAS TRADICIONAIS!

Organizações que se solidarizam:

APP Sindicato – Núcleo Sindical de Foz do Iguaçu
Assembléia Nacional de Estudantes – Livre ANEL
Associação dos Estudantes de São Pedro do Iguaçu – AESPI
Casa da América Latina – Foz do Iguaçu
Central Sindical e Popular CSP – Conlutas
Centro Acadêmico de Biologia – UFPR Palotina
Centro Acadêmico de Ciências Sociais – Toledo
Centro Acadêmico de Geografia – Marechal Cândido Rondon
Centro Acadêmico de Geografia – UEL – Londrina
Centro Acadêmico de História – Marechal Cândido Rondon
Centro Acadêmico de Serviço Social – Toledo
Centro de Direitos Humanos e Memória Popular – CDHMP – Foz do Iguaçu
Coletivo Movimente-se – UEM – Maringá
Diretório Central dos Estudantes da UNIOESTE – Cascavel
Diretório Central dos Estudantes da UNIOESTE – Foz do Iguaçu
Diretório Central dos Estudantes da UNIOESTE – Marechal Candido Rondon
Diretório Central dos Estudantes da UNIOESTE – Toledo
Diretório Central do Estudante da UEL – Londrina
Geografia das Lutas no Campo e na Cidade – GEOLUTAS – Marechal Candido Rondon
Grupo de Estudos em Bioética – GEB – UFPR Palotina
Grupo de Estudos Marxianos Latino-americano – Toledo
Grupo Tortura Nunca Mais – Foz do Iguaçu
Intersindical
Levante Popular da Juventude – Toledo
Movimento Fronteira Zero – Foz do Iguaçu
Movimento Juventude Consciente – Toledo
Movimento Mulheres em Luta – MML
Movimento Universidade Popular – Foz do Iguaçu
Partido Comunista Brasileiro – PCB
Partido Socialismo e Liberdade – PSOL
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU
Rede Megafone – Foz do Iguaçu
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná – Sindjor – Subseção Foz do Iguaçu
União da Juventude Comunista – UJC