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Atrizes iguaçuenses participam de oficina do Teatro do Oprimido

Atrizes iguaçuenses participam de oficina do Teatro do Oprimido

Método formulado por Augusto Boal, na década de 1970, transforma espectador em ator, sendo aplicado em mais de setenta países

Todo o ser humano é teatro. Pensando dessa forma, o teatrólogo brasileiro Augusto Boal concebeu uma técnica de dramaturgia que se constitui, ao mesmo tempo, em manifestação artística e ação político-cultural. É o Teatro do Oprimido, criado há mais de trinta anos e adotado por mais de setenta países, em todas as partes do planeta, por meio do qual, o espectador assiste e participa da peça e os textos são formulados de maneira coletiva, a partir da realidade e das histórias de vida dos participantes.

Muitos críticos consideram que Boal reinventou o teatro político e social, comparando a sua importância com a de figuras como Brecht e Stanislawski, que introduziram importantes mudanças e inovações no teatro mundial. O Teatro do Oprimido é uma metodologia para contribuir com as transformações sociais através da conscientização dos problemas de toda a sociedade, e, também, como ferramenta de intervenção nos problemas do cotidiano de uma comunidade e de seus indivíduos, nos aspectos de violência, desemprego, participação popular, condição da mulher, entre outros.

Três atrizes iguaçuenses irão experimentar um pouco dessa fonte inesgotável de criação artística e de cidadania. Através do projeto Teatro do Oprimido de Ponto a Ponto, realizado pelo Ministério da Cultura e pelo Centro Teatro do Oprimido, as atrizes Arinha Rocha, Edinéia Dias e Rosângela Rocha participam da oficina de capacitação de multiplicadores do Teatro do Oprimido, que acontecem em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, entre os dias 17 e 21 de março.

A atriz Arinha Rocha, que é diretora da Casa do Teatro, entidade que desenvolve atividades culturais como forma de empoderamento social,  considera o Teatro do Oprimido uma forma artística efetiva de participação popular.

“Onde existem desigualdades sociais, há opressão. Quando as relações de poder não são democráticas, há opressão. E existem as formas criativas de organização, participação e de libertação, que pode se dar por meio da arte. É uma opção que se faz pelo ‘oprimido’, sendo aquele – ou aqueles – que tem o seu direito de diálogo e participação negada”, reitera.

Adiantando que as atrizes iguaçuenses ficarão encarregadas de formar novos agentes do Teatro do Oprimido na região, Arinha conta que após o curso, serão organizadas núcleos dirigidos a diferentes segmentos sociais, como professores, estudantes, mobilizadores comunitários e grupos de mulheres, buscando a sensibilização e a reflexão sobre os temas de interesse de cada área social.  

Teatro da liberdade e da participação

O Teatro do Oprimido é um sistema de exercícios, jogos e técnicas especiais, baseadas no Teatro Essencial, que procura ajudar as pessoas a desenvolver o teatro como expressão do próprio indivíduo, onde todo o ser humano é capaz de ver a situação e de ver-se a si mesmo, em situação.

O Teatro Essencial reúne três elementos principais, sendo, Teatro Subjetivo, que  é a coexistência entre ator e espectador no mesmo indivíduo, já que todo o ser humano é ser teatro, com necessidades de produzir ações sobre o seu próprio meio; Teatro Objetivo, que é espaço estético surgido de “um espaço dentro do espaço”, criado a partir do momento que um indivíduo deixa produzir momentaneamente a ações e sentimentos sobre determinada coisa, pessoa ou lugar, e, Linguagem Teatral, que se estriba no entendimento de que as pessoas traduzem suas emoções, desejos e idéias utilizado em seu cotidiano, a mesma linguagem teatral usada nos palcos: suas vozes e seus corpos, movimentos e expressões físicas.

O sistema Teatro do Oprimido aplica as técnicas de Teatro Jornal, Teatro Imagem, Teatro Invisível, Teatro Fórum, Arco-Íris do Desejo e Evolução.