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Em Quedas do Iguaçu, o dia em que o rio Iguaçu virou sanga

O rompimento de uma das comportas do barragem de Salto Osório, entre Quedas do Iguaçu e São Jorge do Oeste, transformou o reservatório da usina e o próprio rio Iguaçu em uma sanga.

As fotos são de Alex Sandro Batista e foram enviadas ao blog por Camila Pivatto.

Clique no “mais” e leia mais sobre o acidente em reportagem do Jornal de Beltrão:

“Reservatório atinge menor nível até agora

Alex Trombetta

O reservatório da Usina Hidrelétrica Salto Osório, localizada na divisa entre São Jorge do Oeste e Quedas do Iguaçu, atingiu ontem o nível mais baixo desde que a usina entrou em funcionamento, há 36 anos. A todo, o nível da água foi rebaixado em 20 metros, ou seja, em relação ao nível do mar, baixou da cota 398 metros para a cota 377 metros.

A ação foi necessária devido ao acidente ocorrido na madrugada de segunda-feira, 26, com a comporta número cinco, que se desprendeu e foi carregada pela força da água. A peça, que pesa 172 toneladas e mede 20 metros de altura por 15 de largura, ainda não foi encontrada.

Até o final da tarde de terça-feira, 27, o nível do reservatório já havia baixado 12 metros e a expectativa era atingir o nível certo no final da tarde de ontem. As nove comportas, distribuídas entre os dois vertedouros, foram abertas e a vazão é de 5 a 6 mil m3 por segundo.

O esvaziamento do reservatório foi necessário para possibilitar a instalação das comportas fixas de manutenção (stop-log), que já estavam no local. Para realizar o serviço, foi necessário um guindaste especial, que chegou à usina na tarde de terça-feira. O trabalho aconteceria no final da tarde de ontem e a expectativa era concluir a instalação em aproximadamente quatro horas.

De acordo com o gerente regional da Tractebel Energia, empresa que administra a usina, Júlio César Lunardi, a vazão da água e o trabalho na usina na alterna as condições do ponto da usina para baixo e todo o procedimento está sendo realizado da maneira mais rápida e segura possível. “No momento que o esvaziamento foi concluído, imediatamente será instalada a stop-log. Assim que iniciar o trabalho de fechamento da comporta já será iniciado a normalização do nível do reservatório”, declarou o gerente ao Jornal de Beltrão na terça-feira, 27.

Por questões de segurança, um lado da rodovia que passa pela barragem foi interditada. Durante o período de manutenção, a rodovia deveria ser totalmente fechada para possibilitar a manobra do guindaste. “A partir do momento em que o reservatório voltar a encher, acredito que precisaremos entre quatro e cinco dias para normalizar o nível da água e conseguir retomar a produção, que foi paralisada desde as 6h de terça-feira”, revelou Júlio.

Desde a divulgação do ocorrido, muitas pessoas passaram pelo local para observar o espetáculo promovido pela água que vaza pelas comportas. O presidente da Tractebel, engenheiro eletricista Manuel Arlindo Zaroni Torres, veio de Florianópolis para acompanhar os trabalhos.

Impacto ambiental

Para acompanhar o esvaziamento e salvar o maior número possível de peixes, evitando que se acumulem em pequenas lagoas, 45 profissionais vasculham toda a área do reservatório com o auxílio de 12 barcos. Além disso, alguns sobrevôos de helicóptero foram realizados para vistoriar as áreas de difícil acesso.

O trabalho está sendo realizado pela equipe da empresa, com o apoio da Polícia Ambiental e Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O chefe do IAP de Francisco Beltrão, José Wilson Carvalho, está acompanhado as atividades e realiza hoje uma nova visita ao local.

Além das equipes, a ação conta com o apoio do curso de Engenharia de Pesca, da Unioeste de Toledo. Em nota, a empresa informou que as equipes de operações acompanham rigorosamente o local e não haviam verificado danos ambientais ou formação de lagoas no reservatório. A empresa informou ainda que o reservatório voltará a ser enchido assim que o trabalho iniciar e o processo acontecerá de maneira rápida. “Por isso, alertamos as populações ribeirinhas a não transitar pelas áreas secas do reservatório devido ao risco de serem surpreendidas pela água e ficarem ilhadas”, esclarece a nota.”