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ROSSONI: O HOMEM DOS DOIS DISCURSOS

Estrela maior da TV Sinal, que cobre a Assembléia Legislativa, o deputado Valdir Rossoni, do PSDB, tem dois discursos. Um para o público externo, outro para consumo interno. Para o consumo externo Rossoni diz estar muito preocupado com a falta de dragagem no Porto de Paranaguá. Dias atrás, chegou a prever, devido à falta de dragagem, um desastre “iminente” e calculou até um percentual de certeza para acontecer essa catástrofe: 50%.

Ao mesmo tempo em que se dizia preocupado com a falta de dragagem, Rossoni bancou uma ação popular para impedir que a licitação para escolher uma empresa para dragar o Porto de Paranaguá tivesse êxito. O processo, que leva o número nº 2008.70.08.000239-1, pede, curiosamente, a suspensão da contratação de empresa para realizar a dragagem nos portos de Paranaguá e Antonina. O deputado questionou documentos do Ibama, do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e até mesmo da Marinha do Brasil. O pedido foi indeferido pela juíza federal Giovanna Mayer.

“Qual Rossoni, o do plenário ou o do gabinete, está mentindo?”, perguntam os deputados da base do governo espantados com esse comportamento contraditório do líder da oposição. Eles estranham o fato de que Rossoni em nenhum momento tornou público que movia a ação para impedir a dragagem do Canal da Galheta. A ação, negada pela Justiça, é contra a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Ibama e Capitania dos Portos do Paraná.

Para justificar seu pedido, Rossoni ignorou a legislação ou, mais grave, tentou induzir o Poder Judiciário ao erro. A bancada de oposição questiona a autorização para a dragagem concedida pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), dizendo que tal prerrogativa é do Ibama.

O fato é que, em 29 de maio de 2006, o Ibama formalizou delegação ao IAP para a concessão de licença ambiental para dragagem. A ação de Rossoni é de 2008. O oposicionista alega, ainda, que a Capitania dos Portos do Paraná não poderia ter autorizado a realização da dragagem, já que não teria atendido às exigências ambientais impostas pelo Ibama para a execução do projeto.

Novamente, os fatos desmentem Rossoni. O pedido de licença prévia para publicação do edital de licitação para dragagem foi entregue pela Appa à Capitania em novembro de 2007. Poucos dias depois, saiu a autorização da Capitania.

Como Rossoni consegue ter um comportamento tão estranho e posar de bom moço ao mesmo tempo em que sabota os legítimos propósitos do governo do Estado de realizar a necessária dragagem no Canal da Galheta? A resposta é simples para os que conhecem a biografia do líder da oposição. Durante o governo Jaime Lerner ele foi o líder do governo na Assembléia e defendeu todas as causas mais indefensáveis.

O poeta cubano José Marti dizia, a respeito dos Estados Unidos. “Vivi dentro do monstro e lhe conheço as entranhas”. Rossoni viveu dentro de outro monstro, o lernismo, e ainda não conseguiu se livrar dos efeitos colaterais dessa experiência.

da coluna Bastidores, do HoraHNews.