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Prefeitos da Copa vão assumir com os cofres cheios

Samuel Costa / Hoje em Dia / Folhapress / Máquinas trabalham no entorno do estádio Mineirão, em Belo Horizonte: PSB, partido do prefeito reeleito Márcio Lacerda, é o que terá o maior orçamento para obras nas cidades-sede­­ — R$ 6,5 bilhões

da Gazeta do Povo

Os prefeitos das cidades que terão jogos da Copa do Mundo de 2014 assumem em janeiro com mais dinheiro nos cofres para gastar em obras destinadas ou não à competição esportiva. Os municípios do Mundial incrementaram o valor destinado a investimentos na previsão orçamentária de 2013, além de contarem com repasses de dinheiro do governo federal e acesso a várias linhas de financiamento. No ano que vem, os recursos próprios dessas cidades para obras devem crescer 10% em relação a 2012 e chegar a R$ 19,9 bilhões. Além disso, já estão garantidos mais R$ 2,8 bilhões em transferências diretas da União ou por meio de financiamentos, totalizando R$ 22,7 bilhões em investimentos.

Apenas a título de comparação, no ano passado o governo paranaense conseguiu investir R$ 759,9 milhões em obras – só 3,3% do previsto pelas prefeituras da Copa.

Maior fatia

Dos R$ 22,7 bilhões, o PSB controlará a maior fatia de investimento municipal, R$ 6,5 bilhões (veja infográfico abaixo). A legenda ficou com o maior número de prefeitos de capitais dentre todos os partidos – cinco. E quatro deles são de cidades-sede da Copa. O partido é presidido pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Após ter se fortalecido nas eleições deste ano, Campos já está sendo cotado para se lançar à Presidência em 2014, justamente no ano da Copa, quando as obras devem estar prontas.

O PT, que ganhou a eleição em São Paulo, deve ter em mãos R$ 6,3 bilhões para investimentos municipais, todos com recursos próprios. Com esse montante, fica na segunda posição nos investimentos.

Mas, na prática, os petistas terão mais recursos. O investimento total de R$ 22,7 bilhões leva em conta as obras de 11 das 12 sedes do evento da Fifa. Nessa conta não entram os gastos de Brasília, já que a capital federal não tem prefeito; ela é comandada pelo governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Também não foram considerados os investimentos previstos pelos governos estaduais – o que inclui a reforma e construção de estádios.

O PMDB, com a vitória no Rio de Janeiro, terá pelo menos R$ 4,8 bilhões. O PDT também vai gerir uma grande fatia do bolo: R$ 3,8 bilhões, referentes a três capitais, incluindo Curitiba. Gustavo Fruet terá R$ 713,5 milhões para obras em 2013.

Os oposicionistas ao governo federal – PSDB e DEM – vão comandar apenas duas cidades que receberão jogos em 2014: Manaus e Salvador, respectivamente. Na capital do Amazonas, os investimentos previstos para 2013 são de R$ 1,1 bilhão. A capital da Bahia tem o menor gasto previsto em obras – R$ 206,8 milhões.

Armadilhas

Para o especialista em estudos políticos e sociais Octaciano Nogueira, os altos valores dos investimentos podem esconder armadilhas. “Quando é feito um financiamento, é preciso pagar juros. Então é um ônus, não apenas um bônus. Se o prefeito consegue fazer uma obra e entregá-la, tudo bem. Mas, se não conseguir, será afetado por isso”, diz Nogueira que é professor aposentado da Universidade de Brasília.