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No Rio de Janeiro, Garotinho e irmão lavam a roupa suja do clã no rádio

De Josias de Souza, na Folha Online:

No comando do Executivo e do Legislativo no município de Campos, no Rio de Janeiro, o clã Garotinho rachou.

Marido da prefeita Rosinha, o deputado Anthony Garotinho acusa o irmão Nelson Nahim, presidente da Câmara Municipal, de urdir um “golpe” contra a cunhada.

Neste sábado (8), Garotinho e Nahim lavaram roupa suja, ao vivo, numa emissora da cidade, a rádio ‘O Diário FM’.

“Você só trate de política comigo depois que me pedir desculpas por ter me chamado de desequilibrado e envolver a nossa mãe no meio”, disse Garotinho a certa altura.

Referia-se a uma notícia de jornal. No texto, Nahim dizia que pediria à mãe, uma senhora octogenária, para conter o “desequilíbrio” de Garotinho.

“Você não tinha o direito de colocar minha mãe, nossa mãe no meio”, queixou-se Garotinho na rádio. “Não é verdade”, rebateu Nahim.

E Garotinho: “Como não é verdade? Está no jornal. E você não desmentiu.” Nahim insistiu: “Vê lá se eu ia botar mamãe pra discutir isso!”

A cisão familiar acentuou-se há dez dias. Uma juíza de Campos cassara o mandato de Rosinha. Como presidente da legislativo municipal, Nahim viu-se compelido a assumir a prefeitura.

Deu-se numa tumultuada sessão, sob protestos de manifestantes e veradores leais a Garotinho e Rosinha.

Mal assumiu, Nahim teve de devolver a poltrona a Rosinha, beneficiada por uma liminar do TRE do Rio.

Falando no programa radiofônico deste sábado, Rosinha disse ter sido vítima de uma tentativa de golpe.

Num instante Garotinho ainda se encontrava no estúdio, o irmão Nahim chegou de surpresa. O apresentador Carlos Cunha franqueou-lhe o microfone.

Nahim expôs a sua versão dos fatos. Disse que, submetido à decisão judicial que passara o mandato de Rosinha na lâmina, não lhe cabia senão assumir a prefeitura.

Disse ter adiado a posse o quanto pôde. “Mas não vou ser maluco de descumprir uma decisão judicial, mesmo que esteja equivocada.”

Súbito, Garotinho retirou-se do estúdio. Nahim continuou falando. “Tenho minha consciência tranquila. Não sou traidor.”

Lero vai, lero vem Nahim fustigou o irmão: “Pena que ele saiu. Ele tá no banheiro esse tempo todo e não volta. Eu queria que ele estivesse aqui na minha frente…”

“…Não sei o que deu nele. Deve estar com uma dor de barriga danada, porque não volta. Não sou traidor. Sempre estive do lado dele, do nosso grupo político…”

De volta do “banheiro”, Garotinho elevou o tom: “Você disse que eu fugi. Então vamos falar a verdade agora.”

Recordou desavenças pretéritas. E queixou-se do presente: “De novo, você me chamou de desequilibrado.”

E Nahim: “Aquilo que aconteceu na Câmara [a tumultuada sessão de dez dias atrás] foi de total desequilíbrio”.

Garotinho: “E o que eu tenho a ver com isso? O que nossa mãe tem com isso? Não tem juízo na sua cabeça de querer meter uma senhora de 80 anos lá?!?”

Espécie de Julio Cesar da política de Campos, o “imperador” Garotinho pespegou no irmão a pecha de Brutus:

“Não vou debater com você, porque você joga baixo. A minha arma é a palavra, a sua é o punhal. Você estava querendo era tomar o lugar da sua cunhada…”

“…Você queria ser prefeito no golpe. É isso que você está tramando o tempo inteiro. Pra mim acabou, não tem conversa com você. Vá pra a oposição.”

Há dois dias, Nahim trocou o PR, partido de Garotinho e Rosinha, pelo novíssimo PPL (Partido da Pátria Livre). Jura que não fará oposição à cunhada.