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Íntegra da entrevista do presidente Lula em Foz do Iguaçu

Íntegra da entrevista do presidente Lula em Foz do Iguaçu

Pergunta – Como o senhor vê a turbulência das bolsas de ontem e, principalmente, vai aumentar a gasolina?
Lula –
Olha, se nós não aumentamos a gasolina quando o barril de petróleo chegou a US$ 110, agora que ele caiu porque nós haveríamos de aumentar? Não há nenhuma necessidade aumentar combustível no país. Nós, a última vez que aumentamos foi em 2005 quando o barril de petróleo estava a US$ 65. Não vamos aumentar. Essa discussão não existe no governo.

E nós achamos que a turbulência da bolsa é própria da bolsa. Ou seja, nós não temos que ver como uma coisa tão anormal. Porque a bolsa, ela um dia cresce, pode crescer uma semana, pode crescer um mês e chega um dia que ela pode cair. No Brasil, ela cresceu vários meses consecutivos e um dia ela cai.

Ou seja, o que importante é que nós saibamos que tem uma crise nos EUA. Essa crise está atingindo o sistema financeiro, sobretudo o europeu. E nós estamos olhando tudo com muita cautela porque não queremos que uma crise americana que não fomos nós que causamos, venha causar problemas ao Brasil.

Nós estamos muito tranqüilos. Ao mesmo tempo, cautelosos. Estamos olhando todo dia com lupa para ver se vai acontecer alguma coisa. E vamos trabalhar para que não aconteça nada no Brasil.

Eu vou dizer, logicamente, que os EUA como é uma economia muito importante, se tem uma retenção nos EUA, obviamente que vai trazer problemas para todos os países.

Entretanto, é importante lembrar que o Brasil diversificou muito as suas exportações. Hoje, nós não dependemos apenas de um país e nem de dois países. Nós, hoje, temos uma relação comercial muito diversificada que vai da Argentina a China, que vai da Índia a Colômbia, que vai da Venezuela ao Vietnã, que vai do Equador até os países africanos. Portanto, o Brasil está com muita solidez. Apesar que nós temos que ter certo cuidado porque já tivemos experiências outras e não queremos que se repita no Brasil.

Pergunta – E sobre esse protocolo do alcoolduto que vai ligar Campo Grande (MS) a Paranaguá (PR)?
Lula –
Eu acredito que o protocolo assinado hoje entre o governador (André) Pulcinelli e o governador (Roberto) Requião e a Petrobras é um alento extraordinário para o estado do Mato Grosso do Sul, para o estado do Paraná, e o potencial que conseguimos a partir de Paranaguá mandar álcool para o mundo inteiro.

Obviamente que o mundo ainda resiste um pouco porque o álcool é um produto novo, mas o petróleo está ficando cada vez mais caro, eles têm que cumprir o protocolo de Kioto e certamente, mais dias, menos dias, a União Européia tem que cumprir até 2020, 10% de etanol na gasolina, e quando chegar o momento, eles vão ter que saber de quem que eles vão precisar. E não tem outro país que tem potencial de vender como Brasil.

Por isso que nós temos que nos preparando, nos preparando, para que nos próximos 10 ou 15 anos, o Brasil seja um país de ponta, Não apenas na produção, mas também na exportação desse produto.

Pergunta – O senhor falou que alguns ministérios não estariam prestando informações precisas sobre o PAC. Quais são esses ministérios?
Lula –
Eu não falei. Veja, o que disse é o seguinte: como nós temos R$ 504 bilhões com vários ministérios, ou seja, e as coisas acontecem, muitas vezes na Caixa Econômica, muitas vezes no ministério, muitas vezes em parceria com o estado e com a prefeitura, nós precisamos ter um único sistema de controle de tudo para que não tenha a Caixa uma informação, o BNDES outra informação, o ministério assim outro e a Casa Civil, outro.

Nós estamos detectando isso, exatamente nas viagens porque é muita obra, os convênios são feitos entre Funasa e o Ministério da Saúde, entre o Ministério das Cidades e o Ministério dos Transportes, ou seja, se nós não tivemos um único sistema recebendo on line todas as informações, nós poderemos…Bem eu vou dar um exemplo. Eu fui ao Mato Grosso do Sul e o Pulcinelli tinha com a Funasa feito um contrato de R$ 52 milhões como a Funasa é ligada ao Ministério da Saúde não estava na relação das obras que estavam fazendo lá. Então, foi essa descoberta que eu fiz em Campo Grande antes de ontem que me chamou a atenção e que todas as obras do PAC têm que estar no mesmo soft, todo mundo com a mesma informação para que não haja que não haja nenhuma distorção.

Pergunta – Qual o melhor nome para a sua sucessão?
Lula –
Eu não estou pensando nisso. Eu não estou pensando nisso. Somente a partir das eleições de 2008 é que vou começar a pensar em construir dentro da base que hoje apoia o governo, sabe, a nossa candidatura.

Pergunta – Em relação as obras do PAC que podem interferir na disputa eleitoral dos municípios?
Lula –
Eu não acredito. Eu não acredito. Veja, de vez em quando alguém fala para mim, mas o governo está utilizando o PAC eleitoralmente. Isso é de uma cretinice verbal que não tem lógica. Veja, se fosse assim porque haveria eu de fazer convênio com o governador de São Paulo de R$ 8 bilhões, porque haveria eu de fazer convênio com o Rio Grande do Sul, com Paraíba, com Minas Gerais, que são adversários, porque haveria eu de fazer convênio de R$ 1,1 bilhão com a prefeitura de São Paulo, com a prefeitura do Rio de Janeiro, que são todas meus adversários. Então, veja: não é possível. Eu daqui a 15 dias estarei visitando vários outros estados, estarei visitando São Paulo, estarei visitando Rio Grande do Sul, porque a mim não importa de que partido é o prefeito, de partido é o governador. O que importa é que o estado tenha necessidade, a cidade tem necessidade, nós temos o programa, temos o dinheiro, temos financiamento e nós vamos fazer a obra. Quando eu chego numa cidade que o prefeito não é do PT, obviamente, algumas pessoas do PT podem ficar de biquinho também – é porque o presidente vem aqui subir no palanque com outro candidato. Eu não estou subindo com outro candidato. Eu estou subindo com a pessoa que administra a cidade, portanto, com quem de direito representa naquele instante, institucionalmente, o município.

Pergunta – E as eleições de Foz do Iguaçu?
Lula –
Se eu não estou querendo dar palpite na eleição presidencial porque eu ia dar palpite na eleição de Foz do Iguaçu.