É isso mesmo. Enquanto no Congresso Nacional o debate é sobre o novo Código Florestal e os artigos vetados pela presidente Dilma Rousseff (PT), que reduzem a ação dos desmatadores, no Paraná, discute-se a reabertura da Estrada do Colono, via já extinta que na prática divide o Parque Nacional do Iguaçu em duas partes.
Simples assim! Pega-se uma tesoura e vai cortando o tecido, no caso, a mata.
Um grupo de deputados federais, muito ligado ao agronegócio, está muito próximo de dobrar os órgãos que cuidam do meio ambiente brasileiro – Ibama, Sema e Instituto Chico Mendes – sob o argumento do “desenvolvimento econômico”.Agora, o estranho mesmo é esta composição de forças. São deputados que integram siglas que vão da esquerda para a direita, e vice-versa, ou nenhuma das alternativas.
Parlamentares do PT (Assis do Couto), do DEM (Eduardo Sciarra) e do PSC (Nelson Padovani), estão unidos neste intuito.
Nada a ver com o fato de Sciarra e Padovani terem votado contra a PEC do Trabalho Escravo, mas os dois, mais Couto, autor do projeto de lei, integram a Comissão Especial criada para decidir o futuro da última reserva de Mata Atlântica no Oeste/Sudoeste do Paraná.
“Reabrindo (ressuscitando) a Estrada do Colono Vamos abraçar o parque”, dizem. Ele só esquecem de dizer que o abraço será em duas partes distintas e cada vez menor de mata nativa – aquela abaixo e aquela acima – da famigerada via, que há muito deixou de existir.
Quer dizer, enquanto na esfera federal a pressão é para impedir o desmatamento, na província, a briga é literalmente para desmatar o Parque Nacional do Iguaçu.
Usar a unidade de conservação para formar um complexo turístico com trilhas de borda, arborismo, tirolesa, passeios em chatas, não interessa, o melhor é sangrar a mata e faturar no pedágio da balça.
(*) Ronildo Pimentel é jornalista do Oeste/Sudoeste, radicado em Curitiba.