Arquivos

Categorias

Setor portuário de Santa Catarina avança após recorde de licitações sem mercado nos portos do Paraná

A propalada boa performance dos portos paranaenses não resiste às informações publicadas na imprensa nacional. Senão vejamos. A Folha de S. Paulo registra que os portos públicos e privados da Baía de Babitonga (SC) têm lucros e investimentos acima da média e procura ampliar suas posições no mercado portuário. Já o Paraná, sob o comando da Appa, bate recorde de licitações que impedem a participação dos grandes players nacionais do setor e o suspeito compadrio pode ir mais longe: para aprofundar o Canal da Galheta, a Appa prevê a cobrança de pedágio.

Matéria de Catarina Scortecci na edição deste domingo, 18, no jornal paulista aponta que a empresa que opera o Porto de Itapoá registrou um faturamento de R$ 620 milhões no ano passado e tem apostado no crescimento dos negócios. “A baía de Babitonga já é conhecida pelas águas naturalmente profundas, mas, assim como outros portos brasileiros, os terminais da Porto Itapoá e de São Francisco do Sul também defendem a dragagem do canal de acesso”, escreve a repórter.

“A ideia é passar dos atuais 14 metros para 16 metros, o que permitiria a navegação de embarcações de até 366 metros de comprimento. O custo da obra está estimado em R$ 290 milhões e a captação de recursos envolve empresas e órgãos públicos. O Ibama já concedeu a licença prévia para a obra, mas a de instalação ainda está em análise”, adianta a Folha de S. Paulo.

Contramão – O Paraná, por decisão política ou interesses oblíquos, vai na contramão e deixa a produção exportada pelos seus portos com preço mais caro e, com certeza, menos competitiva no mercado internacional.

Isso vem acontecendo nos últimos anos e ficou demonstrado no processo de licitação de arrendamento do PAR09, o terminal de granéis sólidos, onde o próprio TCU (Tribunal de Contas da União) comprovou que a alteração no edital após a audiência pública feita pela Comissão de Licitação, resultou no afastamento de interessados e acabou sem concorrentes no leilão da bolsa.

Outro exemplo é também polêmico é o caso arrendamento do PAR50, que está sendo questionado, onde os players nacionais e paranaenses do setor de movimentação de líquidos não apresentaram propostas ou por terem sido impedidos pelo edital de licitação ou por avaliarem que a modelagem apontou para um alto risco e de prejuízo econômico.

O resultado do leilão com apenas um concorrente, que não é do ramo, ganhou a área arrendada pagando aproximadamente 62 vezes menos que a média usual para este tipo de arrendamento. O pior, ou melhor de quem foi beneficiado pela suspeição, o arrendamento será pago em quatro suaves parcelas de R$ 250 mil.

Leilões suspeitos – O leilão do PAR50 já foi questionado junto ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) e Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e a assinatura do contrato de arrendamento está suspensa até que sejam indenizados os prejuízos causados ao setor alcooleiro do Paraná que vinha operando o terminal até este malfadado leilão de interesse único.

Ainda tem mais: o TCE recusou a modelagem proposta para o PAR14 e o PAR15 – os terminais de granéis sólidos vegetais. Em andamento está ainda a licitação do PAR09: terminal de granéis sólidos vegetais (com edital lançado).

Coamo em SC – Enquanto o Paraná se debate em suspeições de direcionamento, a atividade portuária em Itapoá, conforme registra a Folha de S. Paulo, já se tornou o principal eixo econômico do município, que tinha 14.345 habitantes no Censo de 2010 e pulou para 21.766 na estimativa do IBGE feita em 2021. De acordo com a Porto Itapoá, a empresa hoje é responsável por mais de mil empregos diretos e cerca de 4.000 indiretos.

E o setor empresarial vê espaço para novos negócios na região. Entre as grandes empresas do país que também estão de olho em Itapoá, está a paranaense Coamo, a maior cooperativa agrícola da América Latina. Ela já tem uma área na região, onde estuda implantar um terminal de grãos e farelos, mas não revela prazos nem dá detalhes sobre o investimento.