Arquivos

Categorias

Recuperação de veículos roubados cai pela metade

Por Diego Ribeiro, na Gazeta do Povo:

A taxa de recuperação de veículos roubados ou furtados no Paraná caiu pela metade no primeiro semestre deste ano. Passou de 64% em 2010 para 36%. É a segunda pior média desde 2007, quando as estatísticas de criminalidade começaram a ser divulgadas pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). Entre janeiro e junho de 2011, 8.980 veículos foram levados por criminosos no Paraná – média de 49 ocorrências por dia. As cidades mais visadas pelos ladrões são Curitiba e região, Londrina, Maringá e Foz do Iguaçu. Só a capital registrou 3.971 roubos e furtos de veículos nos primeiros seis meses. Deste total, 34% voltaram para seus donos.

Os números evidenciam dois problemas graves de segurança pública: a polícia não evita o crime e, pior, quase não recupera o veículo levado. “Não existe disponibilidade de material humano para isso [recuperar os veículos]”, reconhece o delegado-chefe da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio da Polícia Civil, Luiz Carlos de Oliveira. Para resolver esse problema, o governo promete contratar mais 2.260 policiais civis até 2014.

A falta de efetivo pode até justificar o baixo índice, mas não esclarece o que motiva esses crimes e a falha em resgatar os veículos. O ex-comandante-geral da Polícia Militar paulista coronel Rui César Melo, especialista em segurança pública, acredita que outros fatores interfiram no trabalho. “Pode ser que a polícia não esteja dando a devida atenção”, afirma.

Na opinião dele, a agilidade da polícia é fundamental na recuperação de veículos roubados. “Os carros têm rastreadores. A polícia também deveria ter em cada viatura um cadastro de veículos roubados”, sugere. De acordo com o coronel, o Paraguai e a Bolívia são grandes consumidores de veículos roubados no Brasil. Por isso, a participação da Polícia Federal e das polícias rodoviárias é decisiva para aumentar os índices de recuperação. “É fundamental que as polícias façam ações de controle nas estradas e na fronteira”, lembra.

Indústria do furto

Segundo o delegado Oliveira, há três destinos para os veículos roubados: a revenda com documentos falsos; a troca por droga ou para uso do tráfico; e o desmanche. Neste último, está uma das raízes do problema. Melo chama de “indústria do roubo e furto de veículos”. Exce­­pcionalmente, veículos também são levados para uso em fugas de outros crimes.

Segundo a polícia, os desmanches existem porque há um mercado paralelo de autopeças no estado. Ou seja, a população é vítima dos crimes, mas colabora indiretamente para que os roubos continuem ocorrendo quando compram peças suspeitas por um terço do valor habitual. Normalmente, as lojas “esquentam” as peças com notas fiscais reais.

No entanto, segundo Melo, dificilmente os consumidores pagarão os preços reais por essas mercadorias. “É preciso um trabalho educativo com a população, mas ela vai buscar o preço baixo sempre. Por isso, é preciso fiscalização da polícia, da prefeitura, da Receita Federal, enfim, um trabalho ostensivo em cima dos estabelecimentos.”

LEIA MAIS