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PM do Paraná possui 16 processos por assédio e abuso sexual ou moral

A Polícia Militar (PM) do Paraná tem 16 processos e procedimentos administrativos abertos para investigar suspeitas de assédio e abuso sexual ou moral supostamente cometidos por policiais. Os números constam em uma relatório da corregedoria da corporação, de outubro de 2019, feito a pedido do deputado estadual Requião Filho (MDB). Informações da RPC Curitiba.

Segundo a polícia, entre as vítimas estão tanto civis quanto militares estaduais. Já entre os acusados, há praças e oficiais da corporação, informou a PM. Os casos investigados foram registrados nas seguintes cidades:

Curitiba: 3
Londrina: 2
Matinhos e São José dos Pinhais: 2
Cascavel, Santa Terezinha de Itaipu, Campo Mourão, Paranavaí, Imbituva, Abatiá e São João do Caiuá: 1
O relatório da PM encaminhado ao deputado também indica que, desde 2008, foram registrados 24 casos de policiais que responderam processos e procedimentos administrativos relacionados a assédio/abuso moral ou sexual. Em metade desses casos, os envolvidos foram expulsos da corporação.

‘Doutor Bacana’

No domingo (27), o Fantástico mostrou o caso de um médico, oficial da PM do Paraná, e conhecido como nos quartéis como “Doutor Bacana”, que está sendo acusado de usar os consultórios dos quartéis para abusar sexualmente de mulheres.

O processo, que está em fase final na Justiça Militar, envolve 30 vítimas. “Ele esfregava a genitália na perna, ele apalpava, ele agarrava assim”, disse uma das vítimas ouvidas pela reportagem.

O tenente-coronel Fernando Dias Lima é médico da PM desde 2009. Antes disso, tinha sido vereador de Cascavel, no oeste do estado, e candidato à vice-prefeito da cidade com o nome de Fernando Bacana.

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) afirma que o denunciado “se prevaleceu de sua condição de superior hierárquico para constranger as vítimas com intuito de obter favorecimento sexual”.

Ele responde a processo por 23 denúncias de atentado violento ao pudor e sete de assédio sexual, em batalhões de Cascavel e Foz do Iguaçu e na Academia Policial do Guatupê, em São José dos Pinhais.

Só que o total de mulheres ouvidas pela Justiça é maior: 45. Alguns desses casos já estavam prescritos, mas as vítimas foram ouvidas como informantes durante a investigação.

A reportagem apurou que o médico está afastado de suas funções e continua recebendo salário de R$ 26 mil. Por telefone, o médico negou que tenha abusado de qualquer mulher.

“Isso eu posso te afirmar, em plena convicção, perante a Deus, que não. E que todos esses fatos surgiram depois de denúncias que eu estava fazendo em relação à polícia. À Polícia Militar. A gente só pode falar aquilo que a gente pode provar. Foi após algumas cobranças que eu tava fazendo. Mera coincidência, talvez. Eu sempre recebi muitos elogios na forma de tratamento que é peculiar do carioca. Nós, cariocas, somos mais humanos, somos mais humanizados, mais hospitaleiros. Então, na forma de tratamento, talvez alguma pessoa possa ter confundido alguma coisa”, disse.

O advogado do tenente coronel, Zilmo Girotto, também falou ao Fantástico: “Não existe uma prova material que possa incriminar o tenente coronel Fernando Dias Lima. Uma policial que se diz assediada, ela volta três consultas depois do suposto assédio sozinha, sem o marido, sem o companheiro, sem nada. Uma mulher volta pra ser consultada por seu assediador cinco, seis, oito, dez oportunidades novamente?”, questionou.

O que dizem a PM e o CRM

Em nota, a PM afirmou que não há dificuldades em apurar denúncias sobre estes tipos de delitos, mas que o assunto de abuso sexual induz erroneamente as vítimas a não procurarem a administração. A nota ainda diz que a polícia possui um serviço de atendimento psicológico para quem passa por traumas como os tratados na reportagem.

O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) abriu uma sindicância para apurar se o tenente coronel cometeu infração ética. “Uma vez considerado culpado, ele pode receber cinco tipos de penas. Desde a mais branda, que é uma advertência confidencial, até à medida extrema, que é a cassação do registro profissional”, afirma o presidente Roberto Yosida.