Arquivos

Categorias

Pessuti quer disputar o governo, mas conversa com PSDB e PT

gif pessuti

José Lazaro Jr
Folha de Londrina

A negociação de Beto Richa (PSDB) com o PMDB continua, mesmo após o governador já ter “conquistado” a maior fatia do partido. A nomeação de Cheida para a Secretaria de Estado do Meio Ambiente selou o apoio da bancada dos deputados estaduais ao projeto de reeleição do tucano. Políticos como Romanelli e Alexandre Curi, com grande poder de convencimento dentro desse grupo político, garantiram para a FOLHA que defenderão essa tese junto aos prefeitos da legenda e dentro da próxima convenção do partido.

O próximo da lista de Beto é o ex-governador Orlando Pessuti, com quem o tucano se encontrou semana passada, em Ivaiporã. Ambos participaram da primeira reunião da Associação dos Municípios do Vale do Ivaí (Amuvi) neste ano, já sob a nova direção do prefeito Carlos Gil (PMDB). A cidade de Ivaiporã é o principal reduto político de Pessuti, cuja influência se espalha pela região coordenada pela Amuvi. “Foi um encontro normal, nós não conversamos sobre nada disso”, despistou Pessuti.

Quem acompanhou a conversa dos dois garante que Beto e Pessuti trocaram mais elogios que o recomendado entre possíveis rivais numa eleição majoritária, já que o peemedebista não arreda pé de ser candidato ao Palácio Iguaçu em 2014. “Sou pré-candidato a cargos majoritários em 2014, estou à disposição do partido igual fiz em 2010. De preferência para a vaga de governador, pois o meu compromisso hoje é com o PMDB”, afirmou Pessuti para a FOLHA, logo após confirmar uma reunião política com Beto na próxima semana, “talvez na quinta-feira”. “A imprensa divulga uma série de conjecturas”, reclamou o político, incomodado com repetidas perguntas sobre a ida dele para o comando da Sanepar.


O cargo de presidente da Companhia de Saneamento do Paraná estava incluído na reforma do secretariado de Beto Richa, a ponto do antigo presidente ser deslocado para o comando da Copel e o cargo acabar ocupado pelo diretor administrativo, Antonio Hallage. ”Eu tinha pedido um tempo para o Beto Richa, dito a ele que tocasse normalmente a conversa com os deputados estaduais, que falaríamos entre nós depois, no final de fevereiro”, argumentou Pessuti. O relacionamento do peemedebista com o PT anda mal resolvido, estimulando essa conversa com os tucanos. O senador Sérgio Souza, por exemplo, é do grupo político de Pessuti, mas tem o mandato em Brasília atrelado à figura de Gleisi Hoffmann (PT), titular licenciada da vaga (hoje na Casa Civil da República).

”Especulam com o meu nome para cargos em Itaipu, Petrobras e Caixa Econômica Federal, mas ninguém conversou comigo absolutamente nada. Tínhamos um entendimento em 2010, quando eu não concorri e o PMDB apoiou a candidatura de Osmar Dias (PDT). Só que em 2011 o assunto parou”, chia Pessuti, sinalizando o estremecimento de sua relação com o PT. Diante desse impasse, Pessuti repete o mantra do ”fortalecimento do PMDB” como saída estratégica, enquanto não define sua situação no cenário político paranaense. Pelo o que ele diz, o contato com a turma de Brasília anda tão incerto quanto as relações com o PSDB. ”Não existe nenhum encaminhamento, nem da minha parte, nem do governador”, diz o peemedebista.

No balcão de apostas dos bastidores da política nativa, pouca gente bancaria o nome de Pessuti para encabeçar uma chapa ao governo do Paraná. Dentro de seu grupo político, inclusive, dizem haver candidatos ”naturais” a deputado estadual (Bruno Pessuti, filho do ex-governador e hoje vereador em Curitiba) e deputado federal (Sérgio Souza, que deixaria o Senado caso Gleisi reassumisse a vaga para disputar o Palácio Iguaçu), mas poucas brechas para o Senado, que seria polarizado entre Alvaro Dias e algum petista. Sem via eleitoral garantida, sobraria a Pessuti indicação ao Tribunal de Contas (TC) do Estado.

Diz-se que o apoio de Pessuti pode determinar o caminho que Requião tomará em 2014. Se ele for para a direita, o senador cairia para a esquerda, ou vice versa. O cenário dessa disputa será a convenção partidária do ano que vem, onde os delegados do PMDB apoiarão coligação com PT ou PSDB nas majoritárias, muito dificilmente uma candidatura própria, pois o tempo de tevê da sigla é ”muito valioso”. Se Pessuti e os deputados estaduais acabarem de lados opostos, bastaria a Requião liberar seus delegados para tornar o processo imprevisível.