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PDT já balança entre Dilma e Eduardo Campos e Brizola Neto sai do Ministério do Trabalho

os quatro

Josias de Souza

Dilma Rousseff joga na reforma ministerial de 2013 a sorte da coligação de 2014. A chance de perder aliados cresce na proporção direta da sua capacidade de colecionar desafetos. Sócio de médio porte do condomínio governista, o PDT já oscila entre Dilma e o neopresidenciável Eduardo Campos.

Presidente do PDT federal, Carlos Lupi tornou-se um governista de dois gumes. Negocia com Dilma ao mesmo tempo em que flerta com o PSB de Campos. Longe dos refletores, informa que, desatendido por uma, não deixará de considerar a hipótese de associar-se ao outro.

Para Dilma, o PDT está representado na Esplanada pelo deputado Brizola Neto, ministro do Trabalho. Expurgado dessa pasta na pseudofaxina de 2011, Lupi discorda. Alega que o neto de Leonel Brizola virou ministro por vontade de Dilma, não por indicação do partido. Quer manter o ministério. Mas com outro ministro.

Além da fisiologia de Lupi, um pedaço do PDT nutre simpatias por Eduardo Campos por razões menos inconfessáveis. Parte da legenda enxerga no governador pernambucano uma alternativa à hegemonia exercida por PT e PMDB.

Atualização: 12h05
Mensagem enviada pela Rede PDT, através de seu perfil no Twitter: “(A) nota não enfatiza que é crescente no PDT a defesa de candidatura própria para a Presidência da República..

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Lupi esteve com Dilma antes do Carnaval. Na sequência, veiculou-se na rede de comunicação do partido na internet um texto com o seguinte teor: na reforma ministerial, Brizola Neto deixará o ministério. Para o lugar dele, Dilma nomeará o deputado Vieira da Cunha (PDT-RS), afinado com Lupi. Um parlamentar da legenda tocou para o celular de Lupi. Deu caixa postal.

Dois senadores do PDT, Pedro Taques (MT) e Cristovam Buarque (DF), apressaram-se em veicular na mesma rede eletrônica do partido uma resposta ao suposto acordo: “Achamos um erro o PDT ficar amarrado por um ministério no lugar de ser independente”, anotaram.

Na frase seguinte, Taques e Cristovam desceram ao ponto: “Não vamos ser oposição pela direita, mas não podemos perder nossa identidade, nossa busca por um projeto alternativo para o Brasil.” Recordam que se opuseram à ida de Lupi para a pasta do Trabalho e à substituição por Brizola Neto.

Agora, acrescentam os senadores, discordam mais ainda da ideia de substituir o substituto por alguém ligado ao antecessor, “mesmo que seja um grande e respeitável quadro como Vieira da Cunha”. Insinuam que Dilma não conseguirá unificar o PDT a golpes de caneta. “Se a presidente Dilma acha que vai pacificar o PDT está errada. Nossa posição deve ser de independência pela esquerda.”

As cornetas do PDT soam num instante em que o partido se prepara para uma convenção nacional, a realizar-se em março. Lupi sinaliza para Dilma que o Diário Oficial precisa dizer alguma coisa antes desse encontro.

Como que decidido a mostrar ao Planalto que há na praça quem o valorize, o PDT acaba de aceitar uma secretaria no governo do tucano Antonio Anastasia, em Minas Gerais. Na quarta-feira (6) da semana passada, dois dias antes da conversa de Lupi com Dilma, o afilhado político do presidenciável Aécio Neves acomodou na poltrona de secretário do Trabalho e Emprego o deputado federal Zé Silva (PDT-MG).

Lupi sempre teve diálogo fácil com Aécio, cujo governo o PDT também compartilhou. A exemplo de Eduardo Campos, o rival tucano de Dilma acalenta a expectativa de atrair o PDT para o seu projeto presidencial. Quem conhece Lupi não descarta a hipótese de desenvolver-se nele um terceiro gume. Hoje, porém, a nata da legenda fareja um interesse crescente pela novidade de Pernambuco.