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Moradores de cidade gaúcha estocam alimentos à espera de terremoto acompanhado de tsunami

Parte dos moradores de uma cidade gaúcha com nome de santo, São Francisco de Paula, decidiu se preparar para a chegada de um desastre natural de grandes proporções. Equipam-se à espera de um terremoto que será seguido de tsunami com ondas gigantes de até 120 metros de altura.

Os repórteres Carlos Etchichury e Vanessa Franzosi contam que até o prefeito da cidade, Décio Antônio Colla (PT) acautela-se. Monitora diariamente um site que informa sobre todos os tremores ocorridos no mundo. Receia que a catástrofe possa ocorrer em 1o de abril, dia da mentira.

Deve-se a previsão a um dos 20 mil moradores de São Francisco de Assis –um médium espírita. Chamam-no pelo apelido de ‘Seu’ Chiquinho. Segundo seu vaticínio, um pedaço do mapa do Rio Grande do Sul sera devastado.

O prefeito Décio Colla, 67, dá tanto crédito às previsões que já estocou em sua própria casa algo como 50 quilos de arroz e 16 quilos de feijão para cada um de seus dez familiares.

Temendo pela interrupção do fornecimento de energia elétrica, o prefeito também aparelhou sua residência com um fogão a lenha. Estima que dispõe de madeira suficiente para queimar durante um ano e meio.

O prefeito aconselha os moradores a imitá-lo: “Eles têm de saber para decidirem como se organizar”. Recomenda a formação de estoques de produtos indispensáveis à sobrevivência. Sua lista inclui arroz, feijão, óleo e sal.

Luiz Henrique Valim dos Santos, dono de uma malharia assentada no centro da cidade, caprichou. A perspectiva do duplo desastre –terremoto, mais tsunami—levou-o a 108 quilos de arroz, 40 quilos de feijão, 500 metros de tecido, 1.400 litros de oleo diesel e boa quantidade de banha de porco.

“Temos capacidade de alimentar 50 pessoas durante um ano”, jacta-se Luiz Henrique, que organiza seu refúgio numa propriedade situada em Passo da Ilha, distante 46 quilômetros do centro de São Francisco de Assis.

A maioria dos moradores da cidade dá de ombros para as previsões de ‘Seu’ Chiquinho. Mas a minoria que acredita nele comprova: o ser humano é mesmo esquisito. Dependendo de como se cutuca, todo mundo é meio maluco.

O que distingue gente como o prefeito Décio Colla e o comerciante Luiz Henrique de outros malucos é a taxa de exagero. São Fancisco de Assis fica na área mais alta do Rio Grande do Sul, a 907 metros do nível do mar. Ou seja: ainda que as ondas de 120 metros viessem, o município estaria a salvo. Como se vê, a loucura tem razões que a sensatez desconhece.