Seis meses após inaugurado o primeiro trecho, a principal obra do governo Beto Richa (PSDB) está longe de atingir seus objetivos. A Linha Verde, anunciada a exaustão como via de integração das comunidades de Curitiba, só funciona na intensa publicidade levada ao ar nos horários nobres das emissoras de televisão. Quem não viu ao menos uma vez aquele comercial insuportável do repórter cidadão pai e repórter cidadão filho? Será que a população tem noção de quanto custa aos cofres públicos esta campanha?
A Gazeta do Povo deste sábado (4) traz uma extensa reportagem que revela as dificuldades que enfrentam os moradores que precisam cruzar a pé a rodovia. Este é o caso da cozinheira Cristina da Silva, de 60 anos, e a auxiliar de cozinha Paula Guimarães, 25, que moram na Vila Hauer e enfrentam uma dificuldade diária para atravessar a via na altura da Estação Vila Fanny – apesar de utilizarem a faixa de segurança.
“Antes era até mais calmo, não tinha tanto ônibus”, diz Paula, que se queixa da impossibilidade de atravessar a via de uma só vez. “Quando o sinal abre a gente atravessa, mas quando chega na metade o sinal já fechou. E de manhã é pior, tenho que atravessar todo dia às 7h30, para levar os filhos para a escola.” Para Cristina, o ideal seria a instalação de passarelas. “[A Linha Verde] funciona, mas para quem está de carro. Para quem está a pé ficou bem difícil.”
INTRIGA DA OPOSIÇÃO? – Não custa lembrar que na campanha eleitoral de 2008, a não inclusão de viadutos, trincheiras e passarelas na via foi tema amplamente debatido. Na ocasião o prefeito Beto Richa e sua tropa desqualificavam as especulações dizendo se tratar de politicagem, de intriga dos adversários políticos e que tudo estava as mil maravilhas.
A desculpa é mais ou menos como a que ocorre hoje, com as denúncias de caixa 2 e de compra de apoio político envolvendo dissidentes do PRTB que venderam as candidaturas por R$ 1,6 mil, conforme provou o vídeo-bomba do Betogate levado ao ar no Fantástico do domingo, 21. Os perdigueiros oficiais tratam este caso da mesma forma, tudo não passa de politicagem ou intriga da oposição.
Pois, pois, as informações da funcionalidade da Linha Verde estampadas no jornalão mostram que nem tudo era intriga da oposição na campanha eleitoral. Na prática, a via só contribuiu para segregar ainda mais às comunidades que residem às margens da mesma. (Leia mais)