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Juiz do ‘caso diárias’ recebe R$ 5,9 mil de auxílios, além R$ 28,9 mil de salários

saláriosO juiz Roger Vinicius Pires de Camargo Oliveira, da 3ª Vara da Fazenda Pública, além de não levar em consideração que o governador Beto Richa já devolveu as diárias de um dia na viagem que fez a Paris em 2015, tentou dar uma lição de moral na sentença em que cabe recurso. Mas é o típico, faça que eu digo, mas não faça que eu faço: Camargo de Oliveira recebe R$ 28,9 mil (R$ 28.947,54) em salários mais R$ 5,9 mil (R$ 5.927,08) em auxílios (alimentação, transporte, pré-escola, saúde, natalidade, moradia e ajuda de custo). O total perfaz R$ 34.874, 62 no salário de abril.

Em março, o juiz recebeu o mesmo de abril. Mas em fevereiro e janeiro, o juiz Roger Vinicius Pires de Camargo Oliveira recebeu R$ 87.896,78 (R$ 49.348, 39 em cada mês). Além dos R$ 11.854,15 de auxílio, outros R$ 28.947,54 – valores que podem ser abono de 1/3 de férias, férias, antecipação de férias, gratificação, antecipação de gratificação, serviços extraordinários, substituição ou pagamentos retroativos. Os dados sobre os salários do juiz podem ser acessados no portal da transparência do Tribunal de Justiça do Paraná.

Em sua sentença, o juiz diz que é “relevante notar que, ao contrário do descrito pelo Estado do Paraná em sua defesa, desumano não é passar um voo por mais de 24 horas, mas sim esperar por horas por um leito digno e atendimento hospitalar, por medicamentos, vagas em creches e escolas de qualidade, enquanto temos crise no sistema carcerário e na segurança pública, bem como servidores com salários atrasados ante a falta de dinheiro público, em que pese toda a arrecadação fiscal, como se vê atualmente no cenário nacional por conta da administração pública, no mínimo, temerária da coisa pública, o que nos conduziu ao caos e à crise política, social, econômica e moral neste país”.

O juiz exorbita e esqueça alguns pontos apontados na sua sentença. O primeiro é que o Paraná está contramão do caos e da crise política, social econômica e moral que assola o País. Basta acompanhar os indicadores econômicos e sociais. Segundo: que os salários dos servidores públicos, incluindo os vencimentos Roger Vinicius de Camargo Oliveira, são pagos em dia pelo Estado do Paraná ao contrário, novamente, o que acontece em parte dos outros estados da federação.

Além desses dois pontos e de se ponderar o arrazoado do juiz, vale outro questionamento. Juízes, como Camargo Oliveira, geralmente percebem salários acima do teto constitucional e driblam a legislação com a série de auxílios e outras vantagens. A falta de medicamentos, como questionado pelo juiz, pode ser suprida se o judiciário cortasse os auxílios e outras prebendas dos magistrados. Com R$ 5,9 mil percebido mensalmente pelo juiz, dá-se a compra de 887 caixas de Paracetamol 750 mg com 20 comprimidos cada.