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A ironia de um 13 de agosto

A ironia de um 13 de agosto

José Pedriali

O PT “fez o diabo” para impedir a candidatura de Marina Silva à Presidência, temendo, na melhor das hipóteses, que ele levasse, como na eleição passada, a decisão para o segundo turno e, na pior, que ampliasse seu contingente eleitoral e desbancasse o favoritismo de Dilma.

A Rede da Sustentabilidade foi bombardeada por todos os lados – das hostes petistas na internet, a Pestapo, à bancada no Congresso, que reviu a legislação eleitoral, tirando dos partidos novatos o direito ao fundo partidário e à propaganda eleitoral gratuita. A Rede contribuiu para se inviabilizar, retardando o processo de coleta de assinaturas, argumento utilizado pelo TSE para vetar sua participação nesta campanha.

Quando o PT julgava ter afastado seu até então principal adversário, eis que Marina se une a Eduardo Campos, formando uma dupla de ressentidos com o partido e o governo. Xingamentos vieram de todos os lados – mais uma vez a Pestapo destilou seu ódio a quem ousa desafiar o partido. A acusação mais leve que circulou no submundo da internet foi a vinculação de Marina aos interesses de um banco privado. Se isso fosse um anátema, o PT – apoiado pela maioria absoluta dos bancos e empreiteiras – estaria no quinto dos infernos…

Era para Marina iluminar Campos, então desconhecido nacionalmente, mas sua luz murchou e a de Campos não passou de um lusco-fusco.

Até que…

… Marina ressurge e da condição de coadjuvante transforma-se em protagonista bafejada pela tragédia que comove o país. Tragédia que levou o nome de Campos aos mais longínquos grotões deste país continente. Associar o mártir à sua companheira política dispensa a ação da marquetagem.

Marina é a beneficiária direta da tragédia e ofusca neste momento tanto a favorita Dilma quanto seu principal desafiante, Aécio Neves.

Eis a ironia de um 13 de agosto: o destino devolve Marina ao jogo eleitoral e a fortalece enormemente, tumultuando ainda mais o pesadelo petista provocado pela crescente rejeição do eleitor à sua candidata e ao seu governo.

O projeto petista de continuidade ad eternum no poder está mais ameaçado do que nunca.

E o esforço do PSDB de retomar o poder, esforço recompensado a cada rodada de pesquisas, sofre um abalo sísmico.